Uma pesquisa realizada em maio de 2024 desse ano revela que quase 40% (4 em cada 10) crianças e adolescentes brasileiros, em idade escolar, exercem algum tipo de trabalho infantil. Esse percentual é oito vezes maior do que os dados oficiais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam apenas 4,9%.
As informações estão no relatório `Evidências da prevalência de trabalho infantil na população escolar brasileira`, do professor de Educação da Universidade de Stanford, Guilherme Lichand. Os resultados foram revelados na última sexta-feira (30), no “Seminário Internacional Comemorativo dos 5 anos do Pacto Nacional pela Primeira Infância”, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.
Segundo o professor Guilherme Lichand, a divergência expressiva entre os dados oficiais e a pesquisa independente ocorre porque a metodologia do IBGE é praticamente a mesma da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que se resume a perguntar aos pais ou responsáveis se os filhos trabalham e por quantas horas.
O verdadeiro `7 a 1`
Conforme o autor da pesquisa, o resultado mostra que esse é o real `7 a 1` do Brasil. Ele cita ainda que, surpreendentemente, os Estados do Norte têm índices menores de trabalho infantil e que os jovens de 15 a 17 anos têm a percepção de que o trabalho pode influenciar negativamente nos estudos.
A pesquisa ouviu 2.889 alunos em 162 escolas das quase 469 mil escolas de todos os Estados, áreas urbanas e rurais, e instituições públicas e privadas. Os estudantes responderam se fazem alguma atividade por pelo menos uma hora de maneira remunerada. E também se tinham algum serviço não remunerado acompanhado de adulto.
A pesquisa revelou ainda que entre as crianças de 06 a 17 anos, 86% responderam que ajudam em tarefas do lar, o que não é problemático e nem é trabalho infantil. Contudo, mais de 50% afirmaram que trabalham com ou sem remuneração.
Bruno Elander – Rádio Rio Mar
Foto: OIT