Por Luis Miguel Modino*
No dia 7 de outubro de 2019 começaram os trabalhos da Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. Após a Eucaristia de abertura, celebrada no dia 6, naquela segunda-feira, o interior da Basílica de São Pedro acolhia os participantes da Assembleia e outros convidados.
Aos pés do túmulo de Pedro, a Igreja da Amazônia e seus povos, iniciavam um momento marcante na Igreja católica. A sinodalidade dava um passo importante, concretizando ainda mais uma ideia que nasceu no Concilio Vaticano II, mais de 50 anos atrás, uma Igreja que caminha junto, em comunhão. As imagens do Papa Francisco, sorridente, no meio do povo de Deus em todas suas expressões, se tornaram virais em poucos minutos.
O Sínodo para a Amazônia foi um momento que ultrapassou a dimensão eclesial, despertando o interesse de muita gente, inclusive da grande mídia. É verdade que movidos por interesses diferentes, mas em muitos casos tomando postura diante desse momento, tanto a favor como contra. Ninguém pode negar que se posicionar em defesa da Amazônia e de seus povos nos leva a nos enfrentarmos com aqueles que movidos pelo desejo de lucro rápido, veem a Amazônia como lugar a ser espoliado.
Foi um Sínodo em que as vozes tradicionalmente colocadas em segundo plano, as mulheres, os povos indígenas, foram escutadas, aportando a paresia que sempre pede o Papa Francisco para a Igreja. Vozes proféticas, livres, sem amarras institucionais, que ajudaram a introduzir na sala sinodal visões novas, enriquecedoras, que ajudaram no processo de discernimento dos novos caminhos.
Falar e entender a vida como um processo é algo fundamental para construir a história, também na Igreja. Enquanto os eventos, muitas vezes desligados uns dos outros, são a grande preocupação da maioria, o Papa Francisco insiste na necessidade de propor processos a longo prazo, provocando mudanças que possam se perpetuar no tempo. Frente a uma sociedade que bate palmas diante dos fogos de artificio, aquilo que fica no segundo plano, que muitas vezes não é visto, que muitos não querem ver.
Podemos dizer que hoje falar de Sínodo vai além de eventos pontuais. Estamos diante de uma forma nova de entender a vida, que nos leva a escutar mais, a construir a vida a partir daquilo que faz parte da vida do povo, da vida da gente. Buscar dinâmicas comuns, que nos ajudem a entender que caminhar juntos nos faz crescer, nos faz ser mais e melhores.
É tempo de continuar o caminho começado, de sonhar, de apostar na comunhão, de construir juntos um futuro comum. Na medida em que a gente se empenha em avançar num caminho comum estamos vivendo a sinodalidade e construindo um futuro onde todos podem falar, onde todos tem que escutar.
Ouça:
*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB