Por causa da estiagem, o transporte fluvial entre as cidades de Tefé e Alvarães, no interior do Amazonas, está comprometido. As lanchas que levam os passageiros de uma cidade para outra não conseguem mais navegar no Lago de Tefé. Tudo virou lama. Agora, para fazer a viagem, os moradores de Alvarães têm que fazer um trajeto mais longo, pelo Rio Solimões. O trajeto era feito em quinze minutos, agora, por causa da seca do rio, a viagem dura mais de uma hora. Segundo o Presidente da Associação dos Catreieiros, José Tavares, a viagem ficou mais demorada e o preço da passagem subiu.
“Em 28 anos não tinha visto uma seca do rio desse jeito. Mesmo com água descendo, a gente continuou trabalhando no trajeto Tefé para a Vila de Nogueira. A gente foi trabalhando, o rio secando até ficar lama. Os motores das lanchas já estavam dando problema. Fomos obrigados a parar e fazer o trajeto mais longo e demorado pelo Rio Solimões. Ficou mais dificultoso por causa dos custos da viagem. A passagem subiu de R$ 15 para R$ 50”, afirma Tavares.
A vazante dos rios mudou a rotina de trabalhadores do transporte público de Alvarães. Taxistas e moto-taxistas do município, se reuniram para construir uma estrada de barro improvisada para a população não ficar isolada. O taxista, João Monteiro, diz que o objetivo é dar uma alternativa mais econômica para os alvaraenses. “Essa estrada de barro foi construída no leito do Rio Seco. O ramal improvisado vai da Vila de Nogueira até em frente a cidade de Tefé. Como o Lago estar seco, em poucos metros, o passageiro consegue atravessar em uma canoa”, explicou Monteiro.
Muito se questiona a necessidade de se fazer viagens para Tefé. O professor em Geopolítica, Marcos Nascimento, diz que a cidade de Tefé é um município polo para a região do Médio Solimões. Na cidade estão as agências bancárias e os principais serviços públicos do Governo Federal. O Governo do Amazonas utiliza Tefé como um centro logístico da região por causa do aeroporto, que atende moradores de sete cidades. “É sacrificoso, mas as idas até Tefé é muito necessário para maioria dos habitantes dessas cidades”, disse o especialista.
A estiagem severa no Amazonas também tem prejudicado os estudantes que moram na zona rural do município de Alvarães, que estão sem aulas. De acordo com a pedagoga do município, Samila Vieira, para não prejudicar o calendário acadêmico, os alunos estudam apenas com as apostilas. “No interior, a gente trabalha com polos educacionais. Nesses polos as aulas ainda estão acontecendo, já nas demais comunidades, as aulas estão suspensas por causa da estiagem. Os estudantes estão usando apostilas para não ficarem atrasos”, revela Samila.
O município de Alvarães está entre as cidades em estado de atenção na lista da Defesa Civil do Amazonas, mas a prefeitura informa que prepara a documento para declarar situação de emergência nos próximos dias. A preocupação dos gestores municipais é que a cidade fique isolada pela seca do Rio Solimões, com a possibilidade da população ficar desabastecida de alimentos e até combustível.
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Orestes Litaiff – Rádio Rio Mar
Foto: Ney Marky