A Segunda Sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, onde um dos seus membros é o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da CNBB, Cardeal Leonardo Steiner, iniciou com o retiro prévio, para estar “como Moisés no Sinai, na presença do Senhor”, como destacou o Secretário Geral do Sínodo, Cardeal Mario Grech.
A reflexão começou com uma pergunta: “Como podemos ser uma Igreja sinodal em missão?”, feita por Madre Maria Ignazia Angelini. A monja beneditina convidou os membros do Sínodo a “abrir espaço para a escuta atônita que nos reposiciona e nos prepara para este novo começo de caminhar juntos”.
Analisando o Evangelho do dia, ela destacou que ele mostra “o início da etapa decisiva” de Jesus, fazendo um paralelo com o Sínodo. “A missão tem sua origem na paixão, na atração invencível de Deus pelos últimos”, e no modo de estar com Jesus, enfatizou. Junto com isso, ela enfatizou a arte do diálogo, a sede de Deus, uma lógica que não está presente na cultura atual, mediada pela “lógica dos negócios, do poder, do mercado, do fitness. Ou por lógicas evasivas”.
Uma assembleia que é se sentar juntos, “um lugar sagrado de encontro com o Senhor que está presente onde ‘dois ou três’ se reúnem em seu nome”, como disse o Cardeal Grech. Por isso, ele insistiu que “ou entramos nessa perspectiva de oração, de fé, de encontro com Deus, ou não assumimos um estilo sinodal autêntico, não vivemos uma experiência de sinodalidade”, porque o protagonista é o Espírito Santo.
Para percorrer o caminho da assembleia, que ele confiou a Maria, o Secretário Geral do Sínodo propôs tirar “as sandálias dos pés, despojar-nos de toda resistência à voz do Espírito Santo, atravessar o deserto e caminhar junto com o povo de Deus em direção à terra da Promessa de Deus”, despojar-se de “vestimentas, abordagens e padrões que ontem poderiam ter sentido, mas hoje se tornaram um fardo para a missão e colocam em risco a credibilidade da Igreja”. Tudo isso “para que a Assembleia Sinodal seja um Pentecostes renovado, para que o Evangelho de Jesus continue a tornar fecunda a vida de toda a humanidade e para que sejamos sinodais e missionários”.
As meditações do primeiro dia do retiro continuaram com as orientações do dominicano Timothy Radcliffe, que iniciou suas palavras fazendo um apelo à busca na escuridão. Um primeiro passo para ser uma Igreja sinodal missionária, como pede a Assembleia Sinodal, é “ouvir com paciência, imaginação, inteligência e com o coração aberto”. Isso se deve ao fato de que “ouvir Deus e nossos irmãos e irmãs é a disciplina da santidade”.
O dominicano usou quatro cenas de ressurreição do Evangelho de João para guiar as meditações: “Procurando no escuro”, “O quarto trancado”, “O estranho na praia” e “Café da manhã com o Senhor”, observando que “cada uma delas lança alguma luz sobre como ser uma Igreja sinodal missionária em nosso mundo crucificado”.
Radcliffe chamou a imitar a compaixão de Maria Madalena, de tantos santos e santas, daqueles que, sem conhecer Cristo, estão cheios de compaixão. Algo necessário em um mundo que “está cheio de choro”, citando exemplos disso: o Oriente Médio, a Ucrânia, a Rússia, o Sudão e Myanmar. A partir daí, enfatizou que “este sínodo será um momento de graça se olharmos uns para os outros com compaixão e virmos pessoas que estão como nós, buscando”. Isso é para superar aqueles que podem se sentir excluídos, pois “Maria Madalena também nos lembra como as mulheres são frequentemente excluídas das posições formais de autoridade na Igreja”.
Radcliffe advertiu que “nosso próprio amor pela Igreja, de formas totalmente diferentes, pode fechar-nos num mundo estreito,”, citando exemplos disso, levando-nos a “olhar para o umbigo eclesiástico, observando os outros, prontos para detectar seus desvios e denunciá-los”. Para isso, ele deixou claro que “este sínodo não é um lugar para negociar mudanças estruturais, mas para optar pela vida, pela conversão e pelo perdão”. Ele conclamou os participantes a “superar toda a violência que está em nossos corações: pensamentos e palavras violentas”. Isso porque “nenhuma discórdia pode destruir nossa paz em Cristo, porque somos um só Nele”.
O dominicano advertiu que “alguns dogmas do nosso tempo são salas fechadas sem oxigênio: relativismo, todos os tipos de fundamentalismo, materialismo, nacionalismo, cientificismo, fundamentalismo religioso. Eles prendem as pessoas em imaginações pequenas e temerosas”, pedindo uma abertura baseada nos “grandes ensinamentos de nossa fé” e buscando como “convidar as pessoas de nosso tempo a entrar no amplo espaço de nossa fé”.
Fonte: CNBB Norte 1
Imagens: Vatican Media