A Rádio Rio Mar obteve, com exclusividade, através de Lei de Acesso à Informação (LAI, 12.527, de 18 de novembro de 2011), o relatório final, de 743 páginas, que indica as causas dos desabamentos das pontes sobre os rios Curuçá, no km 23, e Autaz Mirim, no km 25, ambas na BR-319. Os colapsos ocorreram nos dias 28 de setembro e 09 de outubro de 2022.
O acidente mais grave foi no Rio Curuçá, pois quatro pessoas morreram e 14 ficaram feridas. E de acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), contratado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) por R$ 4,780 milhões para investigar as causas, flambagem e corrosão de estacas determinaram o colapso.
Flambagem é quando ao invés de realizar um movimento de esmagamento, uma estrutura enverga e gera um colapso. Já a corrosão de estacas é a deterioração acentuada de metais, conhecido como enferrujamento que gera perda de matéria.
Após analisar o relatório, o Dnit elaborou um resumo com os resultados e disse que “os estudos demonstraram que a combinação do aumento do comprimento de flambagem com o avançado estado de corrosão das estacas da Ponte de Curuçá resultou em uma condição de estabilidade crítica, que propiciou a ruptura das estacas do apoio 6 por flambagem, mesmo quando submetidas a carregamentos muito inferiores aos previstos no projeto”.
Com base nessa análise, foi descartada a hipótese de que a concentração de veículos sobre a ponte, em razão de uma manifestação no momento do colapso, tenha causado ou contribuído para o desabamento. Conforme o Dnit, “com base nessa análise, o IPT constatou que não há indícios de que o colapso da ponte tenha ocorrido em razão de sobrecarga”, pois a foram a flambagem e a corrosão de até 52% dos trilhos metálicos que reduziram a capacidade de suporte de carregamento da ponte.
Inspeções do Dnit em ponte não viram as falhas decisivas
O Dnit informa que forneceu ao IPT os relatórios das inspeções rotineiras realizadas nas pontes, nos anos de 2019 e 2021, bem como das análises extraordinárias de antes e após o colapso das estruturas, para subsidiar as investigações.
Com base nesses documentos, o IPT concluiu que “devido à ausência de inspeções especiais ou mais detalhadas, não houve identificação do nível avançado de corrosão nas estacas”, fator esse determinante para o desabamento.
Já em relação à ponte do Autaz Mirim, o fator determinante para o colapso foi o fenômeno das terras caídas, em uma das margens, que afetou a estrutura da cabeceira.
Bruno Elander – Rádio Rio Mar
Fotos: Relatório IPT