A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) por meio do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham), já atendeu, em 2023, 32 municípios do interior com consultas por videoconferência, somando mais de 100 procedimentos que incluem a consulta e a troca de informações com o profissional de Saúde local.
O trabalho tem ajudado, especialmente, moradores de comunidades isoladas pela seca dos rios, o que dificulta o deslocamento para os centros de Saúde.
O diretor-presidente da Fuham, Carlos Chirano, diz que o programa é uma das prioridades da instituição, como parte da missão de melhorar o atendimento especializado em todo o estado do Amazonas. E pelos bons resultados, prova de que o sistema de telemedicina é uma prática de sucesso. “A gente consegue levar uma assistência qualificada, técnica, às pessoas de difícil acesso. A Fuham tem muito orgulho desse trabalho e pretende ampliar mais esse serviço”, afirmou Carlos Chirano.
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As consultas acontecem uma vez por semana, no Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia da Fuham (DCDE). São encontros via teleconferência, onde os dois lados podem se ver e conversar em tempo real. Na última sexta-feira(06/10), a dermatologista da Fuham, Rossilene Cruz, atendeu três pacientes indígenas do Polo Base Filadélfia, região do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Solimões, localizado entre os municípios de Tabatinga e Benjamin Constant, extremo oeste do Amazonas. Os indígenas apresentavam problemas de pele que foram avaliados pela dermatologista. Eles estavam acompanhados por dois médicos locais que também receberam orientações clínicas.
Os pacientes estavam acompanhados da médica clínica-geral Francineide Silva, lotada naquele município. Ela explica que se fosse seguir o trâmite normal para uma consulta, o paciente daquela área iria esperar de seis meses a um ano. Mas com a teleconsulta, essa demora diminui para uma semana. “Isso facilita no transporte, facilita na cultura deles, porque o paciente vai sair de lá hoje e, hoje mesmo, ele vai estar de volta à tribo, possivelmente já com as orientações e o diagnóstico. Isso é uma comodidade e tanto para o paciente. Ficamos satisfeitos também porque, muitas vezes, ficamos de mãos atadas. E essa locomoção é difícil porque o rio tá seco, é impossível para o paciente ir (pra cidade)”, explica. A médica afirma também que essa área tem em torno de 8 mil indígenas, dos quais em torno de 2%, apresentam algum tipo de problema de pele.
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Criado em 2013, em parceira com Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o núcleo tem o objetivo de capacitar e/ou reciclar profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, agentes de saúde e outros), em diferentes aspectos da área da dermatologia e hanseníase, através de cursos e treinamentos.
“Hoje, a gente consegue atender a qualquer localidade do estado do Amazonas, basta ter internet aonde a gente consiga enviar os links. A gente faz teleconsulta e teleconsultoria. A gente tá olhando o paciente e, ao mesmo tempo, está fazendo consultoria para o profissional médico local. Os profissionais conseguem esclarecer dúvidas tanto do diagnóstico quanto de qualquer outra atividade, como prevenção de capacidade, de monitoramento, de alguma ação de contato, de algum exame, de qualquer outra atividade. A teledermato é hoje um dos pontos principais do programa”, explicou a chefe do DCDE-FUHAM, Valderiza Pedrosa, que também é Coordenadora do Programa Estadual de Controle de Hanseníase do Amazonas.