A variante ‘Mu’ é uma das mais recentes e é considerada “variante de interesse” pela Organização Mundial de Saúde. A Mu foi identificada oficialmente na Colômbia, depois foi encontrada em 49 países, incluindo o Brasil e acumula muitas mutações. Porém ainda não há dados suficientes sobre quão eficiente são as vacinas em relação à ela.

Gravidade

Quanto ao nível de gravidade da nova variante, o pesquisador da Fiocruz Amazônia Dr. Felipe Naveca, explica que a Mu está um nível abaixo das variantes de preocupação como a Gamma, do Brasil, e Delta, da Índia, e que já estão em circulação no Amazonas.
O diretor presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas explica que, a partir da confirmação dos dois primeiros casos da variante Mu em Tabatinga, o alerta foi emitido ao Ministério da Saúde.

“Primariamente, foi classificada como variante de atenção pela OMS e no último dia 30 muda de score e passa a ser variante de interesse, em razão das mutações que ela acumulou no período, esse processo evolutivo denominado convergência evolutiva que o vírus sofre”, diz Cristiano Fernandes.

Para o pesquisador da Fiocruz, a mudança na escala de gravidade significa que é preciso “ficar sob monitoramento mais atento para ver se a variante será associada com aumento de casos”.

Casos em Tabatinga

Os contaminados em Tabatinga são uma idosa de 73 anos e o neto dela, de 10 anos. O menino não apresentou sintomas e a mulher teve febre, tosse e falta de ar. O menino ainda não tem idade para receber a vacina, mas a avó já havia tomado as duas doses do imunizante contra a Covid-19. Eles não foram internados, estão fora do período de transmissão do vírus e já alcançaram a cura clínica.

A infectologista Ana Galdina explica que, apesar da menor agressividade, a variante Mu é tão transmissível quanto a Delta.

“É passada de um para o outro com muita facilidade, mais um motivo pra gente intensificar a campanha vacinal. Quanto ao efeito vacinal dela, os estudos ainda não saíram, a gente ainda não sabe o comportamento das vacinas frente à essa variante. O que a gente sabe é que nossa proximidade geográfica favorece muito para que a gente tenha essa variante circulando aqui na Amazônia Legal”

Os dois casos no território brasileiro da tríplice fronteira com Peru e Colômbia foram identificados através de um esforço da Fiocruz, em parceria com a FVS e com a prefeitura de Tabatinga para identificar as linhagens circulantes na região do alto Solimões.

Benjamin Constant realiza barreira sanitária desde julho para tentar evitar surto em território brasileiro. Foto: Divulgação

O município peruano de Islândia, vizinho de Benjamin Constant, enfrentou aumento no número de contaminações no final de julho, mas até então os casos confirmados na região eram da variante Gamma.

Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde, os dois contaminados pela variante Mu em Tabatinga possuem parentes residentes em Letícia, na Colômbia. Está sendo realizada a investigação epidemiológica dos casos e rastreamento de todos os contatos, incluindo a coleta de RT-PCR para identificação de possíveis novos casos.

Prevenção

Como as linhagens do coronavírus entram por diferentes rotas no Amazonas, a orientação é que todos mantenham as medidas de prevenção já que até os vacinados podem se infectar e transmitir para outras pessoas. A diferença é que quem tomou as duas doses tem risco muito baixo de desenvolver a forma grave.
Por enquanto, a prevalência da variante Mu é de menos de 0,1% entre os casos sequenciados de coronavírus em todo o mundo.

Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar