Editorial por Luis Miguel Modino*
Quase dois mil anos depois que Jesus confiou a Pedro comandar a Igreja, ela segue viva. Uma Igreja que nasceu pequena e que foi crescendo e sendo presença na vida do povo. Ela permanece porque está constituída sobre o fundamento dos Apóstolos, tendo Pedro na frente do grupo. Ela cresceu porque Paulo se empenhou em dar a conhecer uma mensagem, a mensagem do Evangelho, que fez com que ele mudasse de vida e de grande perseguidor passasse a ser o mais destacado missionário.
Dois homens teimosos, também nas coisas de Deus, empenhados em levar para frente aquilo que acreditavam. Às vezes no caminho errado, mas sempre empenhados em fazer realidade o que eles iam descobrindo que Deus queria deles. Eles vão descobrindo aos poucos os planos de Deus em sua vida e se tornando alicerce e voz da Igreja que vai se consolidando.
A festa de São Pedro é a festa do Papa, no tempo atual a festa de Francisco, o Papa 266 na história. O sucessor de Pedro continua sendo o rosto visível de uma Igreja que ao longo da história passou por dificuldades. Homens nem sempre aceitos, nem pela humanidade, nem dentro da própria Igreja, mas que enquanto continuadores da missão iniciada por aquele pescador de Galileia, aquele a quem Jesus lhe diz que vai lhe fazer pescador de homens, deve ser visto nessa perspectiva.
O Papa Francisco sempre pede não esquecer de rezar por ele, uma oração que vai além de uma pessoa, uma oração que se dirige a Deus pedindo que aquele que sustenta a Tradição possa continuar guiando a barca de Pedro, guiando a Igreja. Somos Igreja quando queremos caminhar juntos, somos Igreja quando nos identificamos com essa comunidade de irmãos e irmãs que caminha sob a guia do sucessor de Pedro.
Uma Igreja que cresce quando é fiel àquilo que Jesus espera dela, mas também quando testemunha essa proposta de vida e ajuda outros homens e mulheres a descobrir, igual aconteceu com Pedro e Paulo, que vale a pena seguir Aquele que os chama para caminhar com Ele. Jesus vai cativando a vida das pessoas, mas para isso se faz necessário muitos “Paulos”, homens e mulheres destemidos que assumem a necessidade de ser Igreja em saída, Igreja que vai ao encontro do povo e encontra modo de comunicar hoje essa mensagem que perpassa o tempo.
Uma festa que em nossa Amazônia surca as águas, lembrando de tantos homens e mulheres que tiram seu sustento cotidiano dos rios. Um trabalho complicado, cada vez mais complicado, pois a poluição, a pesca predatória e tantas outras atitudes erradas, fazem com que esse sustento nem sempre chegue na messa daqueles que se esforçam pela sua sobrevivência.
Com Pedro e com Paulo caminhemos juntos e sejamos uma Igreja inspirada naqueles dois pilares que sustentaram a vida e a caminhada da primeira Igreja. É tempo de continuar seguindo Jesus e dá-lo a conhecer a todos os povos. Será que Ele pode contar com a gente? Será que a Igreja pode encontrar em nós verdadeiras testemunhas que ajudem a Igreja a se manter viva na vida do povo?
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*Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB