Papa Leão XIV: Evangelizar onde “Não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho”

Luis Miguel Modino – ROMA

Menos de 24 horas depois de ser eleito, o Papa Leão XIV presidiu uma missa na Capela Sistina, o mesmo local onde ele foi eleito sucessor de Pedro no quarto escrutínio de um Conclave iniciado na tarde de 7 de maio. Com a participação do Colégio Cardinalício e de mais algumas pessoas, uma mulher leu a primeira leitura, foi um momento de ação de graças, encerrado com aplausos, enquanto o novo pontífice saía da celebração.

Tesouro da Igreja

Em sua homilia, ele lembrou as palavras de Jesus no Evangelho de Mateus: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Segundo o Papa, “com estas palavras, Pedro, interrogado juntamente com os outros discípulos pelo Mestre, sobre a sua fé n’Ele, expressa em síntese o tesouro que a Igreja, através da sucessão apostólica, guarda, aprofunda e transmite há dois mil anos”.

Ele falou sobre a encarnação e ressurreição de Jesus, o Messias, que “mostrou-nos assim um modelo de humanidade santa que todos podemos imitar, juntamente com a promessa de um destino eterno, que ultrapassa todos os nossos limites e capacidades”. Se referindo ao apóstolo Pedro, o Papa Leão XIV disse que “Deus, de modo particular, chamando-me através do vosso voto a suceder ao Primeiro dos Apóstolos, confia-me este tesouro para que, com a sua ajuda, eu seja seu fiel administrador (cf. 1 Cor 4, 2) em benefício de todo o Corpo místico da Igreja; para que ela seja cada vez mais cidade colocada sobre o monte (cf. Ap 21, 10), arca de salvação que navega sobre as ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo”.

Algo que acontece com a Igreja, “não tanto pela magnificência das suas estruturas ou pela grandiosidade dos seus edifícios – como estes monumentos em que nos encontramos – mas pela santidade dos seus membros, do povo que Deus adquiriu, a fim de proclamar as maravilhas daquele que o chamou das trevas para a sua luz admirável (cf. 1 Pe 2, 9)”. Ele refletiu sobre “um aspecto importante do nosso ministério: a realidade em que vivemos, com os seus limites e potencialidades, as suas interrogações e convicções”.

Uma pessoa sem importância

Diante da pergunta de Jesus aos discípulos: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?”, o Papa disse que o mundo, “considera Jesus uma pessoa totalmente desprovida de importância, quando muito uma personagem curiosa, capaz de suscitar admiração com a sua maneira invulgar de falar e agir. Por isso, quando a sua presença se tornará incómoda, devido aos pedidos de honestidade e às exigências morais que invoca, este ‘mundo’ não hesitará em rejeitá-lo e eliminá-lo”.

Junto com isso, para as pessoas comuns o Nazareno “é um homem justo, corajoso, que fala bem e que diz coisas certas, como outros grandes profetas da história de Israel. Por isso, seguem-no, pelo menos enquanto podem fazê-lo sem demasiados riscos ou inconvenientes. Porém, porque essas pessoas o consideram apenas um homem, no momento do perigo, durante a Paixão, também elas o abandonam e vão embora, desiludidas”, disse o Papa.

Duas atitudes de grande atualidade, dado que “ainda hoje não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos em que em vez dela se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer”. Segundo o Papa, “são ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena”.

 

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