Barracas improvisadas com autônomos fazendo cópia do comprovante de residência ou vendendo merenda e café se tornaram comuns nos postos de vacinação contra a Covid-19, em Manaus, especialmente no Sambódromo.
A Raquel Pereira de Jesus, 26, trabalhava com vendas em eventos. Com a Pandemia, ficou sem trabalho e aproveitou a oportunidade de conseguir uma renda e ajudar as pessoas.
“Tem sido cansativo, mas a gente tem a recompensa. Estamos trabalhando direto e ajudando as pessoas, estamos há muito tempo parado. Não tem mais eventos no sambódromo e é um ajudando o outro e Deus vai ajudando a gente”, afirmou
No esquecimento ou falta de atenção do público alvo da vacinação, eles descobriram uma oportunidade.
“No primeiro dia, as pessoas estavam muito desesperadas por causa de xerox do comprovante d e residência. Meu pai ficou agoniado o porque tínhamos três máquinas, duas deram problema e essa foi a solução. Era só nós e os barraqueiros do café da manhã, depois os outros vieram para ajudar”
A idosa Terezinha Cardoso, 67, trabalhou como vendedora ambulante por 30 anos nos eventos do Sambódromo e Arena da Amazônia. Agora, sem festa, ela vende merenda pra quem tem fome na fila.
“Está sendo uma boa oportunidade. O pessoal passa o dia todinho com fome, não tem nada e a gente tem o lanche para vender. A gente ajuda eles e eles também me ajuda, né?”, destacou a idosa
Ajuda também quem espera por horas na fila ou sai muito cedo de casa. A Luciene Gomes passou a madrugada trabalhando no mutirão de vacinação, nessa quarta-feira. Quando terminou o plantão, às 7h, já correu para uma das barracas. “A gente passou à noite acordado na vacinação e a gente pega o pão quentinho”
O autônomo Advan Pereira Braga aproveitou a oportunidade, pela primeira vez, durante o mutirão e deu certo.
“Pegamos o pouco da renda que tivemos e investimos no salgado, suco, água mineral, justamente para ter um rendimento maior no final do mês”
Quem trabalha, vacina e é vacinado também tem sede. Para isso, tem o Jesuíno Vieira, que colocou o isopor com as garrafas de água em cima de um carrinho e espera voltar para casa com a caixa vazia. E ainda dá o exemplo: mesmo com dificuldade, só foi para o Sambódromo trabalhar depois de tomar as duas doses da vacina.
“Estou com mais de [um] ano parado, desde que começou essa doença. Comecei a trabalhar ontem. Eu só vim quando tomei das duas vacinas, eu peço que as pessoas que estão em dúvida, que tome essa vacina”
Trabalhadores são autorizados:
A Semacc (Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal) informou, em nota, que não é proibida a venda de pequenos lanches e bebidas como água e suco, nas áreas externas de eventos, desde que os vendedores tenham autorização do poder público para atuar como ambulantes. A fiscalização da secretaria pode atuar no ordenamento destes ambulantes, somente nas áreas externas dos espaços. Para o caso de evento particular, cabe ao organizador, a liberação de vendas e/ou serviços nas dependências internas.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar