Uma operação da Polícia Federal, Marinha do Brasil, Força Aérea Brasileira e Ibama realizada nesse sábado (27) destruiu ao menos 69 balsas utilizadas para o garimpo ilegal no Rio Madeira, em Autazes (AM). A operação denominada Uiara prendeu uma pessoa.
Ao menos 300 dragas estão na região há três semanas extraindo ilegalmente ouro do Rio. O Ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres publicou em sua rede social que a pasta “agiu imediatamente contra o crime” e foi uma “operação planejada rápida, e executada eficientemente”.
O anúncio da operação federal fez os garimpeiros se dispersarem a tempo de fugir. Um sobrevoo realizado na última sexta-feira pelo Greenpeace Brasil registrou imagens de pequenos grupos de embarcações ao longo de 120 quilômetros de rio entre os municípios de Autazes e Borba. Segundo a organização, o movimento teve a clara intenção de dificultar a operação do governo. Veja o vídeo:
Ribeirinhos registraram a ação das forças de segurança, que incendiaram as balsas. “Uma operação da Polícia Federal no igarapé do Bonfim, na boca que vai para o Sampaio no Paraná do Maracá onde os garimpeiros estavam se resguardando, mas não deu, a Polícia Federal tacou fogo. Estamos filmando porque é muito próximo da casa do professor que mora no flutuante’”, afirmou um ribeirinho
O governador Wilson Lima solicitou apoio da Força Nacional de Segurança para atuação nas proximidades da comunidade do Rosarinho, localizada no rio Madeira, entre os municípios amazonenses de Autazes e Nova Olinda do Norte.
Em outro vídeo registrados por moradores dessa comunidade, os ribeirinhos dizem que estão passando por dificuldades e solicitam ajuda do poder público. Essa é a área onde ficou concentrado o maior número de balsas, dragas e empurradores utilizados pelos garimpeiros.
“Solicitar uma ajuda para nós que estamos no Rosarinho, favor mandar um barco ou autorizar alguém para levar a gente, por favor. A gente está precisando de apoio, muitos pais de família, criança, a gente está passando necessidade”, afirma um morador ao lado de dezenas de ribeirinhos.
O Ministério Público de Contas acionou o Tribunal de Contas da União para investigar uma possível omissão de órgãos fiscalizadores no combate ao garimpo ilegal no rio Madeira. A ação acontece de forma recorrente na região do Baixo Madeira até o Estado de Rondônia.
No requerimento, o Ministério Público pede que a apuração seja voltada, especialmente, para a atuação da Polícia Federal e Marinha do Brasil.
O ativista do Greenpeace Danicley de Aguiar explicou que a operação deve continuar nos municípios do interior, mas é preciso outras ações para impedir o retorno da atividade ou diminuir a intensidade do problema.
“Um caminho que a gente chama de comando e controle, que é o caminho da fiscalização, mas também passa pelo caminho de uma política de desenvolvimento regional que seja capaz de suprir as necessidades materiais das populações da região. É fundamental que o Estado seja capaz de liderar um processo que dinamize a economia regional sem necessariamente ter que apelar para esse tipo de atividade, que é extremamente predatória do ponto de vista ambiental e extremamente perigosa para a saúde das populações da região”, disse o ativista.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar