O presidente Jair Bolsonaro assinou nessa segunda-feira (28) decreto que autoriza o emprego das Forças Armadas por dois meses no combate aos crimes ambientais na Amazônia por meio do dispositivo de Garantia da Lei e da Ordem. O custo da operação será de R$ 50 milhões. Os militares serão empregados em municípios dos estados do Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia.
O Vice-presidente da República e Presidente do Conselho Nacional da Amazônia, Hamilton Mourão, solicitou ao Presidente Jair Bolsonaro que assine um novo decreto para o retorno da Operação GLO para combater o desmatamento na Amazônia, sobretudo na região Sul do Amazonas. O pedido foi formalizado neste mês de junho, segundo o Secretário de Estado de Meio Ambiente, Eduardo Taveira. O motivo é que a ausência do Governo Federal na região contribui para que o Amazonas se mantenha entre os piores índices de desmatamento.
“Pedimos ao Vice-Presidente um apoio maior das estruturas federais, ICMBio, Ibama, Policia Federal, as Forças Armadas para que, junto com o planejamento que o Estado já está aplicando, a gente possa reduzir essas dados. Fechamos uma parceria com o Governo Alemão, o banco KfW liberou 11,5 milhões para reestruturar a parte de brigadistas no interior do Estado e também de ampliar o monitoramento em tempo real para ajudar as equipes”, afirmou.
Com os recursos recebidos da Alemanha deve ser aplicado para o monitoramento de queimadas nos municípios de Apuí (AM) e Lábrea (AM), que possuem os maiores índices.
A Operação GLO, das Forças Armadas, encerrou as atividades, oficialmente, em abril, mas as operações já estavam reduzidas desde janeiro. Dois meses sem a presença das Forças Armadas nas áreas passíveis de desmatamento foram suficientes para colocar o Amazonas na liderança dos crimes ambientais.
“Enquanto a gente não integrar planejamento de Estado e de Governo para atuação em conjunto, a gente vai continuar com esses dados, esses índices ainda muito altos”, afirmou.
Desde abril, o Amazonas aparece entre as áreas com maior alerta de desmatamento. Atualmente o estado ocupa a segunda posição, perdendo apenas para o Pará. 75% dos crimes ocorrem em áreas federais, incluindo assentamentos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Levantamento feito pelo Greenpeace mostra indícios de uma intensificação nos processos de grilagem de terra e do desmatamento de milhares de hectares. Uma das áreas abrange os estados do Acre, Amazonas e Rondônia, onde a intensificação está mais acelerada. A organização expõe roubo e venda de terras públicas na internet.
O superintendente da FAS (Fundação Amazonas Sustentável) Virgílio Viana, cobra atenção para a ocupação descoordenada em torno da BR 319.
“Hoje ainda não tem nenhum posto de fiscalização e ela está sendo objeto de uma ocupação desordenada e vale à pena chamar a atenção de todas as autoridades, em especial do Governo Federal, uma vez que ali é uma rodovia federal e não tem nenhuma ação do Governo Federal voltada para redução do desmatamento nessa área”, destaca.
Com a proximidade do verão amazônico, aumenta a preocupação com o período de queimadas no Amazonas. A partir de julho é quando toda a floresta derrubada no primeiro semestre começa a ser queimada.
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Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar