Entre dezembro de 2021 e dezembro de 2024 o número de famílias que recebem o benefício do Bolsa Família aumentou 62,4% no Amazonas. De acordo com o governo federal, o Estado tinha 405.485 benefícios três anos atrás e começou 2025 com 658.708.
Em valores, há três anos a média era de R$ 271 por família e atualmente o Amazonas tem a segunda maior média de valor pago por beneficiário, com valor de R$ 733,94, atrás apenas de Roraima, que tem média de R$ 747,23 por beneficiário.
Dessa forma, com as 250 mil famílias contempladas a mais, o total pago em benefícios do Bolsa Família pelo governo federal às famílias credenciadas no Amazonas saltou de R$ 110 milhões para mais de R$ 483 milhões, por mês. Ou seja, o total destinado ao Estado mais que triplicou. O aumento foi de 339%.
Mestre em Ciências Sociais, o padre Adriano Luís Hahn considera que esse é um investimento necessário e não um gasto.
“Primeiramente, eu considero uma notícia muito importante quando a gente gasta com questões fundamentais que têm a ver com a garantia de direitos fundamentais, como direito à vida, direito ao lar, direito à saúde. Eu entendo isso como um investimento. Cuidar da vida, cuidar das pessoas sempre é um investimento, não é simplesmente um gasto, como normalmente alguns de uma outra lógica colocam”, disse o mestre em Ciências Sociais, o padre Adriano Luís Hahn.
O padre Adriano Luís Hahn afirma que os valores precisam passar por reajuste constante, para acompanhar as necessidades das famílias.
“O fato do governo aumentar o valor da Bolsa Família e também os atendimentos revela uma preocupação, um compromisso com essas pessoas. Revela também o pensamento de cuidado com aqueles que sofrem. Isso é muito importante para a nossa sociedade, onde há tanta desigualdade. O ideal é que se possa aumentar e sempre estar acompanhando essas famílias para sempre ver qual é a necessidade real. E aquilo que o governo faz de positivo, independentemente de partido, deve ser elogiado e reconhecido”, afirmou o padre Adriano Luís Hahn.
Padre Adriano lembra ainda que o programa social de distribuição de renda deve estar acompanhado de outras políticas públicas para proporcionar independência às famílias.
“É claro que o Bolsa Família não pode estar separado de outras atitudes. Precisa ser pensada a questão da geração de renda, como o emprego, o trabalho. Porque toda a política pública bem feita acompanha a realidade, mas ainda vai criando situações em que essas famílias ou esses atendidos também possam chegar a uma certa autonomia, em que não precisa mais depender. Mas isso não quer dizer que o Bolsa Família não seja importante, é muito importante e fundamental, até porque precisa garantir a alimentação. Eu não vou, por exemplo, poder pensar a pessoa já se ela não tiver emprego, se ela precisa comer hoje. Então, de fato, é muito importante atender aquela necessidade que a pessoa precisa hoje, para depois ver o que pode fazer para, quem sabe, aquele indivíduo conseguir um trabalho, conseguir um emprego digno”, comentou o padre Adriano Luís Hahn.
Por fim, o padre afirma que garantir os direitos fundamentais é inegociável e que, hoje, não há o que se falar em meritocracia no Brasil.
“E quando a gente fala de políticas públicas, a gente fala de direitos fundamentais. Eu entendo que nesse sentido, garantir direitos fundamentais não é nenhum luxo. E não podemos pensar na lógica meritocrática. O direito à alimentação, o direito à saúde, o direito à educação, o direito ao saneamento básico, ele não pode ser numa lógica meritocrática, nem numa lógica economicista. Só quem tem dinheiro pode ter direito? No fundo, a gente está excluindo 99% da população que não tem dinheiro”, concluiu o padre Adriano Luís Hahn.
Bruno Elander – Rádio Rio Mar
Foto: Divulgação/MDS