Por Luis Miguel Modino*
10 anos depois da Laudato Si´, a encíclica que popularizou o termo “ecologia integral”, ainda estamos diante de um conceito pouco compreendido pela grande maioria das pessoas. Daí a importância do capítulo IV da primeira encíclica de Papa Francisco, onde ele aborda os diversos elementos que fazem parte dela.
O decorrer da história nos mostra a importância desse conceito e nos leva a aprofundar nas palavras do número 225 da Laudato Si´: “Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo para recuperar a harmonia serena com a criação, refletir sobre o nosso estilo de vida e os nossos ideais, contemplar o Criador, que vive entre nós e naquilo que nos rodeia e cuja presença ‘não precisa de ser criada, mas descoberta, desvendada’”.
Nessa perspectiva, o 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação, o MUTICOM, que inicia hoje, 25 de setembro de 2025, em Manaus, é mais uma oportunidade para refletir sobre essa temática, superando preconceitos mal-intencionados ou alimentados por interesses políticos ou econômicos, que levam a negar as consequências das mudanças climáticas. Uma atitude que mais uma vez mostrou nesta semana, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O evento, que acontece em Manaus de 25 a 28 de setembro, tem como tema: “Comunicação e Ecologia Integral: Transformação e Sustentabilidade Justa”. Uma oportunidade para entender a necessidade de comunicar sobre essa temática, em vista de ajudar o povo a descobrir a necessidade de recuperar essa harmonia com a Criação, que nos chama a Laudato Si´.
Uma reflexão que cobra especial importância na Amazônia, ainda mais a menos de dois meses da COP30, que será realizada em Belém do Pará em novembro. Ambos os eventos, mesmo em escalas diferentes, deveriam desencadear processos de reflexão em vista de mudanças inadiáveis, que levem a humanidade a aprender com os povos da Amazônia, especialmente com os povos originários, a importância da ecologia integral como norma de comportamento e de relações com a natureza e com as pessoas.
Laudato Si´ afirma no número 156 que “a ecologia integral é inseparável da noção de bem comum”. Podemos dizer que o bem comum, ainda mais o bem viver, é um conceito clave nas cosmovisões e nos modos de vida dos povos originários da Amazônia e de outras regiões do Planeta. Quando nosso comportamento ético está orientado em vista do bem comum avançamos em humanidade, pois superarmos o individualismo que destrói toda tentativa de avanço nesse sentido.
Conhecer que a ecologia integral é um modo de vida assumido em algumas comunidades da Amazônia em vista de uma sustentabilidade justa é uma oportunidade para testemunhar que essa dinâmica é possível assumi-la. Na mente das pessoas, as coisas existem quando são conhecidas, quando são comunicadas. É missão dos comunicadores católicos mostrar que a harmonia com a criação é um desafio a ser assumido por aqueles que acreditam no Deus Criador.
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*Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB