Artigo: Manaus reduz mortes no trânsito, mas imprudência preocupa especialista

Por Mário Ricardo – Especialista em Gestão de Trânsito

Manaus encerrou o período de janeiro a outubro de 2025 com um dos melhores resultados da última década na redução de mortes no trânsito. O levantamento do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) aponta que 200 pessoas perderam a vida nas vias da capital — número ainda alto, mas 27% menor que as 270 registradas no mesmo período de 2024.

Outro indicador que reforça o avanço é o balanço do Detran-AM, que mostrou queda de 122 para 85 acidentes com vítimas fatais, equivalente a 30% de redução. Os homicídios culposos no trânsito, causados por imprudência, também recuaram de 153 para 114 casos. Entre as vítimas, os motociclistas continuam liderando as estatísticas, mas houve melhoria relevante: as mortes desse grupo caíram de 131 para 96, redução de 26%.

Além disso, atropelamentos um dos tipos de acidentes mais traumáticos e difíceis de prevenir também diminuíram, passando de 77 para 67 ocorrências, evidenciando impacto positivo das ações de fiscalização e campanhas educativas.

Por trás dos números: o comportamento de risco ainda é o maior inimigo

Apesar da queda consistente, o professor e especialista em trânsito, Mário Ricardo Carvalho, ressalta que o fator humano segue sendo determinante quando o assunto é segurança viária. A pressa, o uso do celular ao volante, ultrapassagens perigosas e o desrespeito às regras básicas continuam presentes na rotina do trânsito manauara.

Para o professor e especialista em trânsito Mário Ricardo Carvalho, o cenário de melhora não deve ser motivo para acomodação. Ele afirma que a infraestrutura e a fiscalização ajudam, mas o comportamento do motorista é o que mais pesa na preservação da vida.

Segundo Carvalho, a maior parte dos acidentes não acontece por falta de sinalização ou estrutura, mas por falta de atenção e responsabilidade. As pessoas precisam entender que dirigir é um ato de convivência, de empatia e de respeito à vida.

Para ele, a falsa sensação de controle por parte dos motoristas especialmente os que acreditam que dirigem bem demais para cometer erros é um dos principais riscos.

Em suas palestras, o especialista costuma destacar que pequenas decisões definem quem volta para casa e quem não volta.

“Basta um segundo de distração para mudar a vida de várias pessoas. O trânsito não perdoa descuido. A pressa, o uso do celular e a falta de empatia custam caro — custam vidas.”

Educação, fiscalização e cultura: os três pilares para manter a curva de queda

A Prefeitura de Manaus e o Detran-AM intensificaram neste ano ações como blitze da Lei Seca, campanhas educativas em escolas, programas de monitoramento e revitalização de sinalização. O resultado é visível nos números, mas para especialistas, o maior desafio é cultural.

Leia também: Educação e bem-estar no trânsito: a base para uma cidade mais segura

Carvalho reforça que não existe sistema de trânsito realmente seguro sem consciência coletiva:

“O que realmente salva vidas é o comportamento consciente. Nenhuma multa, câmera ou campanha substitui o compromisso de cada condutor. Cada pessoa que assume o volante é responsável por si e por todos ao redor”, ressaltou o especialista.

Ele também destaca que políticas públicas precisam ser contínuas, não sazonais, para que o comportamento seguro se transforme em hábito.

Impacto social: cada vida preservada é uma família poupada da dor

As mortes no trânsito não representam apenas números; são histórias interrompidas abruptamente. Cada redução percentual significa menos pais, filhos, amigos e trabalhadores perdidos. Segundo especialistas em segurança pública, os impactos vão além da tragédia pessoal: atingem a economia, pressionam o sistema de saúde e geram traumas duradouros.

Por isso, a tendência de queda vista em Manaus ganha relevância nacional e abre espaço para que a cidade se torne referência em boas práticas de trânsito na região Norte.

Conclusão: avanço significativo, mas longe de concluído

O balanço até outubro de 2025 mostra que Manaus está no caminho certo para reduzir de forma consistente a violência no trânsito. No entanto, como reforça o professor Mário Ricardo Carvalho, os resultados só se sustentarão com responsabilidade individual, respeito às leis e empatia ao volante.

A cidade avança, mas o desafio permanece: transformar a redução atual em um novo padrão e não apenas em um bom momento estatístico.

Qual seria o nível aceitável de sinistros com vítima fatal no trânsito? Na visão do especialista deve ser zero. A prioridade é que nenhum sinistro no trânsito possa ocorrer.

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