Os impactos das queimadas já são refletidos no sistema de saúde de Manaus, que tem registrado, todos os dias, internações por problemas respiratórios em decorrência das queimadas. A capital amazonense amanheceu, novamente, com uma intensa nuvem de fumaça. O odor forte das queimadas atingiu, principalmente, a região central de Manaus.
A fumaça prejudica quem trabalha ao ar livre. A aposentada, Margarita Nunes, já foi internada duas vezes em menos de um mês, com sintomas de bronquite. “Só esse mês fui para o hospital duas vezes. Falta de ar e uma crise de torse”, afirma Dona Margarida.
Dona Margarida mora da orla de São Raimundo, na zona sul-oeste da capital. O bairro é um dos primeiros de Manaus a ser afetada pela fumaça que vem da região metropolitana. Quando a fumaça vem, ela sai de casa. ”Tenho que sair de casa para casa de parentes e amigos para não ter que respirar fumaça”, diz a aposentada.
De acordo com dados do DataSus, Manaus registrou de janeiro a junho, mais de sete mil internações por doenças respiratórias. Esse número pode ser maior, já que a capital amazonense é invadida, diariamente, por nuvens de fumaça tóxicas que agravam problemas de respiração.
Na maioria dos casos, a fumaça provoca irritação nos olhos e na garganta, como explica o médico pneumologista, Clovis Botelho. “Temos uma mucosa ressecada pela baixa umidade do ar e temos um material mais particulado ainda, o que compromete a respiração”, explica o médico
A pesquisadora do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia, Ane Alencar, diz que a fumaça deve continuar sendo a vilã dos amazonenses, durante o verão amazônico. “As pessoas, simplesmente, estão achando que podem desmatar. Elas tocam fogo na mata, sem pedir licença, sem medo de serem punidos”, afirma a pesquisadora.
Especialistas que monitoram a região amazônica dizem que este mês de setembro já é o segundo pior da história, justamente, por causa do aumento desenfreado do incêndios florestais.
Ouça a reportagem completa em áudio:
Orestes Litaiff – Rádio Rio Mar
Foto: Agência/EBC