Mais de 14 milhões de brasileiros entraram no mapa da fome entre 2020 e 2022

O Observatório Parlamentar da Câmara dos Deputados mostra que, entre 2020 e 2022, o número de pessoas em insegurança alimentar no Brasil passou de 19 milhões para 33 milhões. Ou seja, em menos de três anos, a quantidade de cidadãos em situação de fome aumentou mais de 73%.

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Ao mesmo tempo, a segunda edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, da ONG Oxfam Brasil, indica que o Amazonas tem mais de 1,1 milhão de pessoas em estado de insegurança alimentar grave.

Em resumo, ‘insegurança alimentar grave’ que dizer fome. É a situação na qual o indivíduo sente fome e não come por falta de dinheiro para comprar alimentos. Nesta condição, a pessoa consegue fazer apenas uma refeição ao dia ou ficar o dia inteiro sem comer.

Ainda conforme o estudo, menos de 30% dos domicílios do Amazonas estão com segurança alimentar. Isso representa menos de 1,3 milhão dos mais de 4,2 milhões de habitantes do Estado. Ou seja, os outros 3 milhões de pessoas apresentam algum tipo de insegurança alimentar: seja leve, moderada ou grave.

Definições

A definição de ‘segurança alimentar’ é quando a família ou domicílio tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.

A ‘insegurança alimentar leve’ é quando há preocupação ou incerteza em relação ao acesso aos alimentos no futuro e a qualidade inadequada resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos.

A ‘insegurança alimentar moderada’ reflete redução quantitativa de alimentos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante de falta de alimentos.

Segundo a Revisão Periódica Universal dos Direitos Humanos, que avalia as condições de 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em relação às recomendações feitas em reuniões anteriores, o Brasil descumpriu 10 das 13 orientações nos últimos quatro anos. Duas sofreram retrocessos e só em uma houve avanços: no reajuste do valor do antigo Bolsa Família, agora Auxílio Brasil.

Contudo, mesmo no aspecto de proteção social, o estudo constatou que ainda há barreiras a serem transpostas. Dentre elas está: diminuir a fila de espera pelos benefícios e estabelecer uma indexação do valor dos auxílios de acordo com a inflação.

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Divulgação