Editorial, por Luis Miguel Modino*
A atual conjuntura eclesial, marcada pelos contínuos e infundados ataques ao Papa Francisco, tem que nos levar a refletir àqueles que nos dizemos cristãos e cristãs. No dia 29 de junho, a Igreja celebra a festa de São Pedro, a festa do Papa. Uma boa oportunidade para refletir sobre a figura de Francisco, o sucessor de Pedro, e o que ele representa para a Igreja e para a humanidade.
Depois de 11 anos de pontificado, o primeiro Papa latino-americano cumpriu o pedido feito pelos cardeais, antes de entrar na Capela Sistina, para eleger o sucessor de Bento XVI. Eles refletiram sobre a necessidade de reformar a Igreja diante dos escândalos, principalmente financeiros e de abuso de menores, em que ela estava envolvida. E o cardeal Bergoglio, um homem com grande capacidade de discernimento, assumiu e levou em frente o pedido.
O caminho que ele escolheu foi em companhia dos últimos, dos pobres, dos migrantes, dos descartados, daqueles que por diversos motivos são vítimas, inclusive dentro da Igreja católica. Mas isso incomoda, e como incomoda, àqueles que sempre se serviram do poder para satisfazer interesses pessoais, para se servir dos outros em benefício próprio.
Estar com Francisco é estar com a Igreja, com aquela Igreja que teve em Pedro o primeiro a conduzir seus caminhos. Um homem que se deixou transformar no seguimento de Jesus, daquele que um dia lhe cativou e que aos poucos, não sem dificuldade, foi entendendo seu modo de viver e de olhar para os outros, especialmente para aqueles que nunca contaram para ninguém, aqueles que sempre foram colocados do lado de fora da história.
Na Igreja de Francisco cabem todos, todos, todos, e isso faz com que alguns se sintam incomodados. Eles só gostam daqueles que são iguaizinhos a eles, clones perfeitos, numa realidade e numa Igreja que só existe em sua cabeça. É por isso que desprezam a diversidade e àquele que acolhe a quem é diferente, escutando-o e tentando descobrir a riqueza que encerra em sua vida.
Muitos que se dizem os autênticos católicos, mas que na verdade são membros de uma seita criada por eles mesmos, propagadores de mentiras e infâmias, deveriam refletir sobre suas palavras e atitudes em relação ao Santo Padre. Somos Igreja quando vivemos a comunhão, quando mesmo na diferença caminhamos juntos, como comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus, em sinodalidade.
Somos católicos quando respeitamos o sucessor de Pedro, aquele a quem Jesus confiou a missão de apascentar suas ovelhas e conduzir a barca da Igreja. Hoje é Francisco, como em outros tempos foram outros e no futuro a Igreja irá escolher novos sucessores de Pedro. Mas sempre descobrindo em sua figura a presença de Cristo que neles nos guia como Igreja para continuar anunciando o Evangelho a todos os povos.
Se você quer ser católico não se deixe enganar por aqueles que movidos por interesses políticos e económicos insultam o Papa Francisco. Quem escuta e acredita nesses personagens se distancia de Deus e da Igreja, pois eles pregam um Deus a imagem e semelhança deles e de seus interesses e não o Deus de Jesus Cristo, o Deus de Pedro, o Deus de Francisco.
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Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB