César Mirabel da Silva, de 33 anos, usava o nome falso de ‘Júlio César Ferrezo’ para desviar valores de uma ONG responsável por arrecadar doações para comprar cilindros de oxigênio durante o segundo pico da pandemia em Manaus (AM). Quando as pessoas entravam em contato pelas redes sociais, o estelionatário passava os dados da própria conta bancária e fingia que era de um tesoureiro da Organização Não Governamental.
A intenção era desviar R$ 2 milhões, mas a Delegacia Especializada em Combate à Corrupção conseguiu comprovar R$ 100 mil. “A conta em que eram feitos os depósitos estavam no nome de César Mirabel, que ele falava que era o contador da ONG. Foi descoberto depois que César Mirabel era o próprio Júlio, que utilizava nome falso, então chegou a receber valores que se somaram mais de 1 milhão de reais”, disse o titular da especializada, delegado Guilherme Torres.
Reformou a casa com o valor desviado
O estelionatário, que se passava por servidor da Sejusc (Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania) não conseguiu sacar os valores, porque a agência bancária bloqueou o dinheiro administrativamente. O que ele conseguiu transferir para familiares foi usado para reforma da própria casa.
Por se tratar de uma Organização criada de forma emergencial durante a pandemia para comprar oxigênio, a ONG não possuía CNPJ. Segundo a Polícia Civil, os outros membros que recebiam doações desconfiaram de César Mirabel e colaboraram com as investigações.
ONGs receberam R$ 18 milhões na crise
Durante o mês de janeiro, ONGs que se propuseram a com a situação dramática do sistema de saúde em Manaus receberam R$ 18 milhões. A Polícia não tem informações se ocorreram outros desvios. “Continuem acreditando e ofertando, porque o ato de uma pessoa isolada não pode manchar todas as outras ONGs que estavam ajudando durante a pandemia”, disse o delegado.
Quem realizou doações pode solicitar a prestação de contas da instituição para comprovar o destino dos valores. O estelionatário foi preso preventivamente na última quarta-feira (21), no bairro Santa Etelvina, zona norte da capital. Após as equipes descobrirem a participação do indivíduo, foi representado à Justiça pelo mandado de prisão preventiva em nome dele, e a ordem judicial foi expedida no dia 19 de julho deste ano, pela juíza Lídia de Abreu Carvalho Frota, do Plantão de Inquéritos.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar
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