O coronavírus chegou, ele tem se tornado próximo de todos nós. Os casos se multiplicam e está cada vez mais perto da gente. Inclusive, quem disse que era algo exagerado, está começando a tomar medidas, esperemos que também em beneficio de todos.
Não é tempo de se abalar, é tempo de enfrentar, e para isso se faz necessário decisões sábias.Podemos confiar em que a crise será resolvida? Podemos pensar que será feito tudo o possível para que as consequências não sejam ainda mais graves? Temos esperança em que os mais pobres vão ser cuidados e tratados como seres humanos?
Editorial por Luis Miguel Modino*
O coronavírus chegou, ele tem se tornado próximo de todos nós. Os casos se multiplicam e está cada vez mais perto da gente. Aquilo que alguns diziam que não tinha nada a ver com a gente começa ser motivo de preocupação, cada vez mais sério. Como o povo fala, o negócio está ficando feio. Inclusive, quem disse que era algo exagerado, está começando a tomar medidas, esperemos que também em benefício de todos.
Não é tempo de se abalar, é tempo de enfrentar, e para isso se faz necessário decisões sábias. Todos nós somos chamados a isso, mas especialmente aqueles que têm uma responsabilidade maior, aqueles que foram eleitos para guiar os destinos das nações e cuidar do povo, que sofre as consequências de algo que chegou para atrapalhar a vida da gente, como também diz o povão.
Podemos confiar em que a crise será resolvida? Podemos pensar que será feito tudo o possível para que as consequências não sejam ainda mais graves? Temos esperança em que os mais pobres vão ser cuidados e tratados como seres humanos?
Quem tem dinheiro está preocupado pelo futuro da economia mundial, que está ameaçada, mas o povão está com medo de ser vítima da doença, com ter atendimento, com morrer à míngua, com ver como as pessoas mais fragilizadas estão cada vez mais em risco.
Uma das primeiras decisões a serem tomadas é estarmos dispostos a nos cuidar uns dos outros, especialmente dos mais fragilizados. Esse deve ser um sentimento humano, que tem que ser reforçado por aqueles que dizem ter fé. Hoje, 13 de março, completa 7 anos da eleição do Papa Francisco, aquele que sempre tem nos chamado a cuidar dos mais pobres, a estar atentos àqueles que a sociedade descarta. Diante de um mundo que trata algumas pessoas como apestados, o Papa Francisco nos chama a nos fazermos próximos, a não ter medo de chegar perto daquele que precisa de nossa ajuda.
A Igreja católica, ao longo da história, mostrou, diante de situações similares, a disposição para cuidar de quem ninguém cuidava. Quando o estado desaparecia, ou perdia a capacidade de chegar a todos, a Igreja se fez presente para estar ao lado de quem ficava jogado na beira da estrada, sempre os mais pobres.
Um dos grandes riscos de situações como a que a gente está vivendo atualmente é reagir em função das estatísticas. Vivemos em uma sociedade onde as pessoas se tornaram números, onde o indivíduo perdeu valor, onde o outro só interessa se for alguém que mexe comigo, alguém que faz parte do grupo mais próximo. Mas o mundo é uma realidade globalizada, uma afirmação que faz mais sentido em momentos como esse que estamos vivendo atualmente. Nada fica longe, tudo pode chegar próximo da gente, inclusive mais rápido do que a gente pensa.
Mas também confiemos em Deus, abramos nossos corações a Ele para que se faça presente na vida do povo, também daqueles que dizem não acreditar n´Ele. Não acudamos a Deus para pedir uma salvação individual, e sim universal, para que Ele ilumine as mentes daqueles que devem tomar decisões sábias, para que possa dar força a quem deve cuidar dos doentes. Ele pode iluminar nossos caminhos e fazer com que a crise seja tempo para descobrir o que realmente é importante, o ser humano, todo ser humano, também os pequenos, os descartados.
É tempo de nos unir, de fazer o que estiver na mão de cada um de nós, de não esquecer que juntos somos mais e que juntos vamos encontrar decisões sábias para superar a crise.
*Missionário espanhol e membro da equipe de comunicação da REPAM – Rede eclesial Pan Amazônica.