No último dia 05 de julho, a prefeitura de Manaus anunciou que vai usar recursos públicos para o presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), passear de motocicleta por Manaus, no próximo sábado (17). A prefeitura publicou em site oficial que “ficará responsável pela logística” e que “durante o percurso será necessário o apoio com água, banheiro e mobilidade, por meio de toda a estrutura municipal”. A notícia afirma ainda que “a prefeitura irá atuar de forma que o evento seja realizado da melhor maneira possível”.
Desde o anúncio, a Rádio Rio Mar vem perguntando ao executivo municipal quanto o cidadão da capital vai pagar pela estrutura do passeio em meio à pandemia, mas as perguntas têm sido ignoradas.
O mesmo vem acontecendo no âmbito do governo do Estado. A Rádio Rio Mar tem questionado a Secretaria de Segurança Pública (SSP) sobre quanto vai custar ao contribuinte a estrutura de proteção ao ato político, mas todas as perguntas também foram ignoradas.
O delegado da Polícia Civil do Amazonas João Tayah ingressou com uma ação popular para questionar os gastos de dinheiro público da prefeitura de Manaus com o ato.
A ação está com o juiz Ronnie Frank Torres Stone, mas ainda não foi julgada.
O presidente Jair Bolsonaro chega a Manaus na próxima sexta-feira (16), para entregar 500 apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida no Residencial Manauara II, no bairro Santa Etelvina, zona norte. Na manhã do sábado, vai fazer um passeio de moto do Tarumã ao Teatro Amazonas.
Esses passeios já foram realizados em São Paulo, no Rio de Janeiro, Chapecó (SC), Distrito Federal e Porto Alegre. A Secretaria de Segurança de São Paulo divulgou que gastou mais de R$ 1,2 milhão na estrutura e logística para o passeio do presidente no estado no dia 12 de junho.
O doutor em economia e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Daniel Cerqueira, disse à rede CNN que no Rio de Janeiro o ato custou pelo menos R$ 485 mil aos cofres do governo do Estado, isso considerando apenas seis horas de trabalho, a metade do plantão de 12 horas dos mil policiais militares envolvidos na operação.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Pandemia), partidos e deputados já pediram ao Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar os gastos de dinheiro público nos atos políticos, que têm características de campanha eleitoral antecipada, de acordo com os parlamentares.
Com exceção de São Paulo, nenhum outro Estado ou cidade divulgou os gastos com os passeios de moto. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o deputado estadual Fábio Ostermann (Novo) protocolou um “um pedido de informação junto à Secretaria de Segurança Pública para saber quanto custará aos pagadores de impostos gaúchos o ato de campanha antecipado de Bolsonaro”.
No Ceará, o deputado federal Célio Studart (PV) tenta barrar mobilizações semelhantes em Fortaleza e municípios do interior e a Justiça deu prazo até a próxima sexta-feira (16) para a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestar sobre os passeios de moto.
Atualização (05h24 de terça-feira 13/07/2021)
Sete dias após os primeiros questionamentos enviados pela Rádio Rio Mar e após a reportagem ser publicada, a prefeitura de Manaus se pronunciou, nesta segunda-feira (12/07), às 19h58, sobre o assunto, com informação diferente das que havia anunciado no dia 05 de julho. O comunicado diz:
“A Prefeitura de Manaus informa que sua atuação durante a “motociata” com a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, marcada para acontecer no sábado, 17/7, na capital amazonense, se limitará à organização do trânsito durante o trajeto, atribuição que compete ao Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU). A ação se dará em parceria com órgãos federais e do governo do Estado.”
Bruno Elander – Rádio Rio Mar
Foto: Alan Santos/PR