Dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan), divulgados nesta segunda-feira (26), apontam que a fome é um problema que atinge um quinto das famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pardas e pretas. Esse percentual é duas vezes maior quando comparado ao de famílias comandadas por pessoas brancas.
No total, 33,1 milhões de pessoas foram impactadas pela fome no país. Aqueles que se enquadram em determinados recortes de raça e gênero estão mais vulneráveis. Os lares chefiados por mulheres negras representam 22% dos que sofrem com o problema, quase o dobro em relação aos liderados por mulheres brancas.
O Vigisan é realizado pela Rede Penssan e considera dados, entre o período de novembro de 2021 e abril de 2022, registrados pelo Instituto Vox Populi. Em levantamento divulgado anteriormente, o estudo mostrou que quatro entre 10 famílias tinham acesso pleno a alimentos. Por outro lado, 125,2 milhões estavam na condição de insegurança alimentar: leve, moderada ou grave. Os níveis foram medidos pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia).
No caso dos lares chefiados por pessoas com oito anos ou mais de estudo, a falta de alimentos foi maior quando uma mulher negra estava à frente: 33%. Esse número foi menor no caso de homens negros (21,3%), mulheres brancas (17,8%) e homens brancos (9,8%).
Nas famílias com problemas de desemprego, a fome atingiu metade daquelas chefiadas por pessoas negras. Quando se trataram de pessoas brancas, um terço dos lares foi impactado.
A presença de crianças menores de 10 anos de idade nas famílias também foi um fator importante. Nesse contexto, a segurança alimentar era uma realidade em apenas 21,3% dos lares chefiados por mulheres negras, menos da metade dos chefiados por homens brancos (52,5%) e quase metade dos chefiados por mulheres brancas (39,5%).
Com informações da Agência Brasil
Fotos: Agência Brasil