A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou, nesta terça-feira (16/3), nova edição do Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19. A análise classifica a situação atual da pandemia como “extremamente crítica em todo País”. Na visão dos pesquisadores, trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil.
O Boletim mostra que, no momento, das 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 80%, e 15 deles com taxas iguais ou superiores a 90%.
Em relação às capitais, 25 das 27 estão com essas taxas iguais ou superiores a 80% e 19 delas superiores a 90%.
A base de informações do relatório são os dados das secretarias estaduais de Saúde e do Distrito Federal, e das secretarias de Saúde das capitais. O mapeamento traz dados obtidos desde 17 de julho de 2020.
A solução apontada pelos pesquisadores para evitar que o número de casos e mortes se alastrem ainda mais pelo País é a adoção rigorosa de ações de prevenção e controle, como medidas de restrição mais severas de atividades não essenciais. Os estudiosos enfatizam também a necessidade de ampliação das medidas de distanciamento físico e social, o uso de máscaras em larga escala e a aceleração da vacinação.
O município de Araraquara, em São Paulo, é apresentado no Boletim como um dos exemplos atuais de como medidas de restrição de atividades não essenciais evitam o colapso ou o prolongamento da situação crítica nos serviços e sistemas de saúde. Com as medidas adotadas pelo município, Araraquara conseguiu reduzir a transmissão de casos e óbitos.
O boletim foi apresentado no dia em que o Brasil teve 2.798 vidas perdidas em razão da Covid-19 em um único dia. O País já soma mais de 282.400 mortes por coronavírus.
Em meio às estatísticas alarmantes e à divulgação do boletim da Fiocruz, o líder do governo federal na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse, em entrevista ao canal GloboNews, também nesta terça-feira (17), que a realidade atual da pandemia no Brasil “não é tão crítica assim” e que, “comparada a outros países, é uma situação até confortável”. (ouça abaixo)
O deputado não informou de onde tirou essas informações que citou e nem sobre o ranking mencionado.
O projeto “Our World in Data”, ligado à universidade inglesa de Oxford, coloca o Brasil na 11ª posição em número absoluto de vacinados e em 89º lugar quando considerada a proporção de vacinados em relação ao total da população.
Conforme o consórcio de veículos de comunicação, até às 12h desta quarta-feira, menos de 10,4 milhões de brasileiros receberam a primeira dose da vacina e isso representa apenas 4,91% da população brasileira. Já no número de mortes por milhão, o Brasil ocupa a 23ª posição, com 1.327,28 mortes/milhão e o Reino Unido é o 7º, com 1.854,98, segundo o “Our World in Data”.
Bruno Elander – Rádio Rio Mar
Foto: Agência Câmara e reprodução Twitter