Família: espaço para cultivar o chamado a sermos gente de Deus

Editorial, por Luis Miguel Modino*

editorialNa Igreja do Brasil, agosto é o Mês Vocacional. Cada semana somos convidados a refletir sobre uma vocação. Mas além de como se concretiza o chamado na vida de cada pessoa, a vocação que recebemos é a ser homens e mulheres de Deus, que os outros possam descobrir em nós a presença de Deus, que nossa vida seja manifestação do Deus que está no meio de nós.

Na segunda semana somos chamados a refletir sobre a família, um conceito que cada vez gera maior polémica. Segundo a Constituição brasileira, o conceito de família abrange diversas formas de organização fundamentadas na relação afetiva entre seus membros. Mas também é verdade que esse conceito de família tem se tornado bandeira política. Se fala de família como algo cada vez mais etéreo, que responde a outros interesses que nada tem a ver com aquilo que deve fundamentar a vida familiar: o amor.

Aqueles que nos dizemos cristãos católicos devemos nos perguntar se nossas famílias são espaço que aproxima seus membros de Deus. Nossas famílias ajudam seus membros a ser homens e mulheres de Deus? Uma pergunta que nos leva a nos questionarmos sobre o que é sermos homens e mulheres de Deus. Em verdade, sermos cristãos, discípulos e discípulas de Cristo, é assumir os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, que sendo o primeiro se coloca o último.

Não é fácil aceitar um Deus que nos desafia a nos colocarmos no último lugar, no meio aos últimos, aos descartados. Mas esse é o Deus de Jesus Cristo, o Deus que se fez carne, o Deus que se abaixou. Frente a isso, é assumido com maior facilidade um deus que resolve todos os problemas, que nos ajuda a ser mais, inclusive no plano material.

Nas famílias onde Deus tem um espaço, qual é o Deus que está presente? Na família da gente, qual é o Deus que damos espaço? Não podemos esquecer que a vocação é um caminho para poder avançar no discipulado, de diversos modos, mas sempre com um objetivo comum, sermos homens e mulheres de Deus. Criar as condições para responder ao chamado deveria ser uma preocupação nas famílias que se dizem cristãs.

Mas se faz necessário entender quem é esse Deus que nos chama e assumir as consequências de responder à vocação. Caminhar com Deus, nos tornarmos presença D´Ele, ser gente de Deus é caminho de felicidade. Mas não podemos nos deixar enganar com um Deus que não responde àquilo que Ele é. Ainda menos deixar que outros queiram nos colocar em nossa vida um Deus feito a imagem e semelhança deles.

Missionário espanhol e assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB*
  • Sakuratoto