O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, negou, durante o primeiro depoimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que a instituição tenha direcionado a fiscalização para o Nordeste no segundo turno das eleições de 2022 e prejudicado a votação na região. Mas a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), contestou as informações.
Segundo o depoente, o Nordeste sedia a infraestrutura mais completa da corporação por concentrar a maior malha viária, ter o maior número de acidentes com vítimas, possuir a segunda maior frota de ônibus e registrar altos índices de crimes eleitorais. No entanto, conforme o ex-diretor, no dia 30 de outubro, foram instalados 694 pontos de fiscalização, o que, de acordo com Silvinei, fazem do Nordeste, juntamente com o Norte, o local em que a PRF menos fiscalizou.
A relatora, porém, apresentou dados do Ministério da Justiça indicando que houve aumento no número de operações no segundo turno nos estados nordestinos. Conforme o deputado Duarte (PSB-MA), a região passou de 1.378 inspeções, fiscalizações e operações no primeiro turno, para 2.842 no segundo turno.
Eliziane e os senadores Fabiano Contarato (PT-ES) e Soraya Thronicke (União-MS) também questionaram Silvinei sobre sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com manifestações de apoio em post nas redes sociais, na véspera do segundo turno.
Contarato, lembrou que Silvinei se tornou réu na Justiça Federal por prática de atos de improbidade, em razão de “uso indevido do cargo”. Para o senador, ele cometeu desvio de finalidade ao usar o cargo com “o objetivo de favorecer a candidatura à reeleição” de Bolsonaro.
Silvinei disse que parecer da Advocacia Geral da União (AGU) manifestou que “não existe nenhuma vedação a conduta”.
A relatora perguntou ainda sobre os processos administrativos respondidos por Silvinei. Ela citou uma ação em que ele é acusado de agredir um frentista. Em um primeiro momento, o ex-diretor disse nunca ter sido notificado oficialmente sobre processos administrativos disciplinares sobre esse ou outro fato.
Eliziane contestou a declaração e disse que o depoente estava faltando com a verdade. Ela recorreu às notas taquigráficas e entregou ao presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), documentos que demonstrariam que o depoente estaria mentindo. Ela demandou respeito às investigações no âmbito da CPMI.
Nesse momento, o policial disse que interpretou a pergunta de forma equivocada e pediu desculpas.
Fonte: Agência Senado
Fotos: Agência Senado e Agência Brasil