Editorial por Luis Miguel Modino*
Todos os meses, o Papa Francisco coloca uma intenção de oração, e no mês de julho de 2023 essa intenção é “Por uma vida eucarística”, algo que foi divulgado na última segunda-feira. A Eucaristia é a fonte e o cume da vida cristã e penso no que significa a Eucaristia em nossa Amazônia, especialmente nas comunidades do interior, onde a Eucaristia é algo pouco frequente.
Penso nas comunidades da Área Missionária São José do Rio Negro, aqui na Arquidiocese de Manaus, com as mais de 25 comunidades que acompanho, onde às vezes passam dois messes sem missa. Mas também penso em outras comunidades onde passa um ou vários anos sem a presença do padre, e em consequência sem a presença da celebração eucarística.
O Papa Francisco começa dizendo que “se ao sair da missa estás como entraste, alguma coisa não funciona”. Ele afirma que “a Eucaristia é a presença de Jesus, é profundamente transformadora. Jesus vem e deve transformar-te”, refletindo sobre a necessidade de entender a Eucaristia como algo que vai além de uma obrigação.
“Nela, é Cristo que se oferece, que se dá por nós, que nos convida para que a nossa vida seja alimentada por Ele e alimente a vida de nossos irmãos”, afirma o Papa Francisco. É por isso que ele insiste em ver a celebração da Eucaristia como “um encontro com Jesus ressuscitado e, ao mesmo tempo, uma forma de nos abrirmos ao mundo, como Ele nos ensinou”.
O vídeo nos chama a enxergar o Cristo que nos alimenta naquele que está jogado na rua, aquele a quem nós não queremos ver quando saímos da celebração e ainda menos reconhecer a presença daquele que se fez presente no meio de nós através de seu Corpo e seu Sangue. Tudo isso porque “cada vez que participamos de uma Eucaristia, Jesus vem e Jesus nos dá a força para amar como Ele amou”.
Segundo o Papa Francisco temos que assumir “a lógica da Eucaristia”, que “nos dá a coragem de sair ao encontro, sair de nós mesmos e de nos abrirmos amorosamente aos demais”. Se comungar não me compromete com aqueles que Jesus define como os prediletos de Deus: os pobres, os doentes, os que são abandonados e ignorados pela sociedade, alguma coisa está acontecendo.
É por isso que o Papa faz um chamado a que “rezemos para que os católicos ponham no centro de suas vidas a celebração da Eucaristia, que transforma as relações humanas e abre ao encontro com Deus e com os irmãos”.
Mas também rezemos para que em um discernimento comunitário, a Igreja encontre caminhos para que a Eucaristia possa se tornar algo cotidiano na vida de todos aqueles que se dizem católicos, que as comunidades do interior da Amazônia não sejam obrigadas a ficar sem celebrar a Eucaristia por messes, por anos, perdendo assim aquilo que tem um lugar importante na vida dos católicos.
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*Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB