Especialistas apontam como Manaus pode enfrentar problemas estruturais

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As zonas da cidade mais afetadas são a Leste, Norte e Centro-Oeste (Foto Divulgação)

Não é segredo para ninguém que a capital da Amazônia, Manaus, enfrenta grandes e antigos problemas estruturais, como a falta de drenagem superficial e profunda, saneamento básico, mobilidade urbana, déficit habitacional e de transporte urbano de massa. No período chuvoso, popularmente conhecido como Inverno Amazônico, a situação fica ainda mais difícil, principalmente, em zonas periféricas cortadas por igarapés.

Desde de dezembro do ano passado, a capital amazonense vem sendo castigada com fortes chuvas, que chegam a registrar cerca 60 milímetros em um único temporal. As zonas da cidade mais afetadas são a Leste, Norte e Centro-Oeste, que registram dezenas de ocorrências de alagamentos, transbordamento de igarapés, deslizamento de terra, desabamento de construções, por vezes erguidas em áreas de risco, e entupimento de bueiros, a cada chuva.

O arquiteto e urbanista Jean Faria, afirma que, para começar a solucionar os problemas estruturais de Manaus, a curto, médio e longo prazo, é necessário que haja união entre o poder público, a inciativa privada e a população, conscientizada do seu papel.

O sociólogo e cientista político, Helso Ribeiro, destaca que precisa haver uma mudança de pensamento e comportamento, tanto por parte da classe política, que deve realizar obras que beneficie, de fato, a sociedade, quanto aos cidadãos, na cobrança dos seus direitos e, principalmente, na execução dos seus deveres.

O especialista ressalta aspectos sociais e culturais que resultaram nos entraves urbanísticos que Manaus enfrenta hoje.

Um exemplo de grande obra realizada em Manaus: 

Iniciada a construção no Governo de Eduardo Ribeiro (1890 a 1896) e finalizada no governo de Fileto Pires Ferreira (1896 a 1898), as galerias pluviais históricas, de arquitetura inglesa, conhecidas popularmente como galerias dos Ingleses, é um exemplo de obra de infraestrutura de grande porte e longa durabilidade, na capital amazonense. A canalização, que dá vazão às águas pluviais daquela área, está localizada na região subterrânea do Centro Histórico da cidade, especificamente, no entorno da Catedral Metropolitana de Manaus, a Igreja da Matriz, e da estação de ônibus que fica no entorno.

Com a passar das décadas, a estrutura sofreu o desgaste do tempo, porém, até os dias atuais, se mantém de pé, sendo monitorada periodicamente. O local, vai além de uma obra de saneamento básico, realizada há mais de um século, mas, serve de inspiração para a Arquitetura contemporânea e para os gestores públicos atuais, que podem buscar nas galerias seculares, um exemplo de grande obra que Manaus merece voltar a receber.

Nuno Lôbo – Rádio Rio Mar