Em meio à seca e fumaça, Amazonas tem apenas um parlamentar, e calado, em audiência com Marina Silva

A ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, atendeu a um convite da Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal e participou de uma audiência pública, na última quarta-feira (4), para prestar informações sobre a situação dos incêndios e queimadas em todo o país. E, enquanto o Amazonas enfrenta aquela que deve ser a pior estiagem da história e está encoberto por fumaça há mais de dois meses, apenas um dos 11 parlamentares do Estado no Congresso Nacional participou da reunião e, ainda assim, ficou calado.

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Marina Silva disse que, há poucos anos, de 15% a 18% das queimadas na Amazônia eram em regiões de floresta primária, virgem, e, atualmente, 37% dos incêndios no Amazonas são nessas áreas. Por isso, há um claro indicativo de perda de umidade da floresta, em consequência de mudanças climáticas já permanentes. E, assim, com aumento de temperatura, o ambiente fica cada vez mais propício para o alastramento do fogo sobre áreas primárias.

Durante as mais de três horas de audiência, a ministra também falou, quatro vezes, sobre a BR-319, que liga Manaus a Porto Velho.

Ela disse que vem sendo injustiçada por ser apontada como culpada pelo não asfaltamento da rodovia.

Com a ausência dos parlamentares amazonenses e o silêncio do único presente, Plínio Valério (PSDB), coube a senador Chico Rodrigues, de Roraima, perguntar à ministra por que a BR-319 não é transformada em uma `estrada-parque`.

Marina Silva citou a BR-163, que tem quase 3,6 mil quilômetros e liga Santarém (PA) à Portela (RS). Ela disse que essa estrada também foi concebida como modelo `parque`, teve apelo e todas as licenças e cuidados necessários, mas que não foram cumpridos com o passar do tempo.

Marina Silva afirmou que haverá uma visita à rodovia no Amazonas e que não cabe a um ministro de Estado facilitar ou dificultar o licenciamento ambiental da BR-319, pois todos os trâmites precisam ser técnicos.

Por fim, a ministra disse que a licença prévia dada pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente (Ibama), no final de 2022, desrespeitou pareceres de técnico e, por isso, foi cassada pela Justiça.

Bruno Elander – Rádio Rio Mar.

Foto: Roque Sá/Agência Senado