Editorial por Luis Miguel Modino*
Uma Igreja que segue o caminho de Jesus tem que ser uma Igreja que serve e defende a vida em todas suas etapas, e essa sempre foi uma prioridade em nossas igrejas do Regional Norte1, comprometidas em reafirmar a “formação de agentes nesta dimensão sociopolítica da fé por meio das escolas de fé e cidadania, à luz da Doutrina Social da Igreja”.
Nesta quinta-feira dá início o Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1, buscando “contribuir na formação de lideranças que possam atuar na dimensão sociopolítica da fé, dando a conhecer às lideranças os documentos sociais da Igreja, contribuindo para um engajamento e compromisso na defesa e promoção da vida”.
Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, que pode ser considerada o programa pastoral do Papa Francisco, ele diz: “prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida”.
O Papa insiste em que “mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’”.
Somos chamados a entender que não adianta ser católico dentro dos templos, que o nosso compromisso é com o Evangelho, que deve ser anunciado com o nosso compromisso em defesa da vida, mais do que com as palavras. Um compromisso que transforma a realidade seguindo os parâmetros de Jesus de Nazaré, que sempre foi ao encontro do povo, especialmente dos descartados pela sociedade.
O que fazer como Igreja para mudar a realidade social? Qual deve ser meu compromisso como discípulo, discípula de Jesus, em favor de um mundo melhor para todos e todas? Como fazer realidade em nosso relacionamento com os outros a defesa da vida e o serviço como Igreja e como batizados e batizadas?
Sejamos Igreja em saída, segundo nos pede o Papa Francisco, lutemos para que os valores do Reino de Deus sejam assumidos como modo de olhar a vida e nos comprometermos com ela. É tempo de fazer realidade aquilo que cada dia pedimos em nossa oração: “venha a nós o vosso Reino”.
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*Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB