Editorial, por Luis Miguel Modino*
Na semana que antecede a Festa de Pentecostes, a Festa do Espírito Santo, somos chamados a refletir sobre a necessidade da unidade na diversidade. Poderíamos dizer que essa unidade na diversidade é o que define o próprio Deus e que aqueles que acreditamos n’Ele somos desafiados a concretizar isso, a entrar nessa dinâmica.
Na apresentação da Festa de Pentecostes, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, lembrou que “nós temos diversidade entre nós de pensamentos, de ideais, de sonhos, diversidade de raças, de culturas, temos uma diversidade grande de ideologia, mas não podemos deixar de ser irmãos e irmãs”.
Uma afirmação que tem que nos levar a refletir como sociedade, como família, como homens e mulheres de fé, independentemente da religião que cada um de nós professa. A diversidade não pode ser motivo de divisão e enfrentamento, e sim riqueza que nos ajuda a crescer, a descobrir no outro aquilo que nos faz ser gente, crescer como pessoas.
Numa sociedade onde muitos se empenham em dividir em todos os âmbitos da vida, também na religião, a festa de Pentecostes deveria ser uma oportunidade para refletir. Não podemos esquecer que na semana previa à Festa do Espírito Santo celebramos a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, e que muitas vezes as diferentes igrejas nasceram por motivos que pouco tem a ver com Deus.
Nos empenhamos em enxergar no outro aquilo que pode nos afastar dele e ignoramos que são muitas mais as coisas que podem nos aproximar. A fraternidade, ser irmãos e irmãs, é algo que somos desafiados a cultivar na vida do dia a dia, assumindo que nem sempre é fácil avançar nesse caminho, mas sem deixar de lado a necessidade de dar passos firmes que nos permitam ir adiante.
Quando o Espírito da unidade na diversidade está presente em nós, vamos descobrindo caminhos que nos ajudam a encontrar a riqueza daquele que é diferente, vamos reconhecendo os elementos presentes em cada pessoa que podem nos ajudar a nos enriquecermos como pessoas, vamos assimilando que na alteridade, no reconhecimento do outro, está a base da convivência que garante a vida em sociedade, a vida em comunidade.
Pretender ser clones, copias idênticas uns dos outros, não pode ser o caminho certo. Se faz necessário nos abrirmos a realidades e pessoas que nos oferecem caminhos alternativos, muitas vezes para chegar no mesmo objetivo, a felicidade humana, a sadia convivência e a ajuda mútua, como elementos que garantem a unidade na diversidade.
Ser irmãos e irmãs tem que ser uma necessidade, um anseio presente em cada pessoa que pretende crescer em humanidade. Quando imperam em nossa vida atitude contrárias a esse dinâmica não conseguiremos aquilo que garante o futuro da humanidade. Ver o outro como um inimigo nos faz pequenos, enxergar em cada pessoa a presença de um irmão, de uma irmã, garante aquilo que pode construir o que a grande maioria das pessoas quer: um mundo melhor para todos e todas.
Ouça este editorial em áudio:
Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB