Editorial Por Luis Miguel Modino*
Se tem alguém que sabe cuidar, essas são as mães. Num tempo em que o cuidado se tornou uma urgência, em que o descuido para com a vida tem provocado gravíssimas consequências, comemorar o Dia das Mães tem que nos levar a descobrir com elas como é que a gente pode cuidar melhor dos outros.
O sentimento de preocupação com o bem estar dos filhos, mas também dos outros, é algo muito presente na vida de quem é mãe, mas também de quem tem sentimentos maternais, uma atitude que vai além do fato de ter gerado um filho. Uma mãe sofre quando vê que o filho passa por momentos de dificuldade e tenta encontrar o melhor caminho para que essa situação possa ser superada. As vezes carrega no colo, outras puxa a orelha, dá um conselho, ou simplesmente escuta e dá a entender que está com ele, do seu lado.
A explicação de tudo isso está no amor, um sentimento que inclusive faz parte do linguajar da gente, que diante de uma expressão sublime de amor, diz que isso é amor de mãe. As mães são a melhor concreção do amor de Deus, aquele a quem a gente chama de Pai, mas que seria mais acertado chamar de Mãe, pois do mesmo modo em que ninguém ama igual uma mãe, também ninguém ama igual Deus.
O que fazer para aprender a amar com um coração de mãe? Como aprofundar nas atitudes que nos levam a cuidar dos outros de um jeito único? Como fazer realidade no meio de nós a necessidade de promover o cuidado como atitude fundamental na vida da humanidade? Como sentir a necessidade de cuidar de verdade, mesmo que isso nos leve a perder o sono?
O significado das comemorações não está na aparência e sim naquilo que esses momentos representam na vida da gente. Comemorar o Dia das Mães só com presentes grandiosos, nos afasta do significado fundamental de um dia importante na vida das famílias, mas sobretudo na vida da grande família humana, essa que nos leva a ter um sentimento de fraternidade que vai além dos laços de sangue, e que nos faz descobrir que há pessoas que tem sentimentos maternais, sentimentos de amor e de cuidado para com a gente.
Descobrir quem é mãe para com a gente e aprender a ter esses sentimentos e atitudes de mãe, tem que ser um desafio cada vez maior, a ser enfrentando por todos, se de verdade queremos superar as crises que hoje estão colocando nossa vida em xeque. Esse cuidado que preserva a vida é uma atitude inadiável, que deveria ser assumida por todos e todas.
Não entrar nessa dinâmica faz com que o mundo seja cada vez pior, com que o enfrentamento que divide se torne cada vez mais presente, com que a morte se instale como realidade cada vez mais difícil de superar.
Apostemos na vida, no cuidado, aprendamos a ter um coração de mãe, também a gente, que não é mãe, mas que pode ir assumindo, mesmo em pequenas doses, o que significa fazer visível na vida dos outros um amor de mãe.
Ouça:
*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB