Editorial: Para você, que é mulher, gratidão pelo que você é

Editorial Por Luis Miguel Modino*

Como é que a gente olha para as mulheres? Numa sociedade onde o preconceito contra a mulher ainda faz parte da vida cotidiana, cada um de nós, também as mulheres, deveria se fazer essa pergunta. Na próxima segunda-feira, 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data que alguns questionam, mas que sempre foi e continua sendo muito necessária.

O Dia Internacional da Mulher é momento para reivindicar, para refletir sobre a necessidade de tirar da nossa vida todo sentimento e atitude de preconceito, é um dia para agradecer a cada mulher, por tudo o que ela é, por tudo o que tem aportado e aporta à humanidade. 8 de março é dia para mostrar que sem o aporte das mulheres o nosso mundo seria bem pior, ele não seria possível.

Não podemos querer tampar o sol com a peneira, não podemos pretender esconder ou disfarçar situações que estão presentes no meio de nós, bem perto da gente. O sofrimento de muitas mulheres, em diferentes âmbitos, simplesmente pelo fato de ser mulher, é uma realidade muito presente na sociedade atual. Também no Brasil, onde a misoginia está instalada em muita gente, inclusive em algumas mulheres, onde a máxima autoridade do país não disfarça esses preconceitos, muitas vezes estúpidos, que mostra inclusive em suas manifestações públicas.

Quando a gente olha para a própria vida, cada um de nós descobre o papel decisivo que as mulheres têm em nosso dia a dia, algo insubstituível, que deve ser valorizado e defendido por todos. É urgente superar toda situação de violência contra as mulheres, de feminicídio, de exploração em qualquer âmbito, de falta de direitos, inclusive de menos direitos do que os homens. Essa tem que ser uma luta de todos e todas, uma necessidade inadiável, que tem que estar presente cada dia, mas especialmente no Dia Internacional da Mulher.

A Igreja católica, que nem sempre tem reconhecido adequadamente a importância da mulher em seu dia a dia, vai dando passos nesse sentido, sobretudo nesse reconhecimento. Na Amazônia, como nos diz o Papa Francisco na exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia, Querida Amazônia, “durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente”. Essa presença decisiva das mulheres também se fez presente na assembleia sinodal, celebrada em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019, onde em palavras do Santo Padre, “elas mesmas nos comoveram a todos com o seu testemunho”.

O Papa Francisco enfatiza que a Igreja, “sem as mulheres, ela se desmorona, como teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazónia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas. Isto mostra qual é o seu poder caraterístico”. Por isso, ele faz um chamado a “incentivar os talentos populares que deram às mulheres tanto protagonismo na Amazónia, embora hoje as comunidades estejam sujeitas a novos riscos que outrora não existiam. A situação atual exige que estimulemos o aparecimento doutros serviços e carismas femininos que deem resposta às necessidades específicas dos povos amazónicos neste momento histórico”.

É tempo de entender a necessidade de caminhar em igualdade, de reconhecer a riqueza que a gente descobre quando caminha unido, em condição de igualdade, quando supera preconceitos que nos impedem reconhecer e agradecer às mulheres pelo que elas são.

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*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB