Editorial: Ninguém pode se achar dono do mundo

Editorial, por Luis Miguel Modino*

Na última segunda-feira, 20 de janeiro de 2025, Donald Trump assumiu seu cargo como presidente dos Estados Unidos. Suas primeiras palavras têm que nos levar a refletir, e a entender que ninguém pode se achar dono do mundo.

O desejo de dominar os outros, de impor a própria visão do mundo, está presente em muitas pessoas. Diante disso, somos chamados a entender que uma convivência sadia entre as pessoas, entre os países, é fruto da escuta, do diálogo, do respeito pelo outro, seja grande, seja pequeno.

Quando isso não acontece, nos deparamos com as guerras, que podem ser de muitos tipos, não só armadas. As consequências das guerras sempre são dramáticas para todos, mas especialmente para os pequenos, que sempre pagam a conta das decisões erradas dos poderosos. Se Donald Trump levar adiante suas ameaças, podemos nos deparar com uma grande ameaça para o futuro da humanidade. Muitos países irão reagir, colocando em risco a vida de muitas pessoas.

Suas atitudes preconceituosas, sem respeito com o outro, especialmente para quem é ou pensa diferente, é algo que não pode ser tolerado. O que ele tem falado em relação às políticas migratórias, as ameaças aos migrantes que já vivem nos Estados Unidos, seu negacionismo sobre questões de saúde, seus ataques a diversos coletivos, a ameaça de invadir territórios mundo afora, deveriam levar a uma reação global.

Mas infelizmente essas atitudes estão presentes em muitas pessoas, incapazes de dialogar, com atitudes xenofóbicas, racistas, aporofóbicas, preconceituosas. Gente que se acha mais do que os outros, que se empenha em instaurar um pensamento único, de acordo com o seu próprio pensamento, gente que não respeita quem vem de fora, que não aceita que ninguém pense diferente, gente fechada em seu próprio ego, que não consegue enxergar além do seu nariz.

O que fazer diante dessas pessoas? Como reagir frente a essas atitudes? Como evitar cair nesses erros? Como educar os mais jovens para evitar que eles possam chegar nesse ponto? A democracia é bem mais do que um sistema teórico, ela tem a ver com o modo de vida, de se relacionar uns com os outros. Ninguém pode esquecer que sem diálogo, escuta, uma boa convivência, a democracia acaba. Os ditadores, mesmo eles tendo sido eleitos democraticamente, são um grande perigo para a humanidade.

Ainda mais quando eles se acham escolhidos por Deus para essa missão. Em verdade, o Deus pelo qual eles se dizem escolhidos, nada tem a ver com o Deus de Jesus Cristo, que prega e vive com atitudes completamente diferentes. Não deixemos nos enganar por sujeitos que só pensam em se próprio, que se esforçam em distorcer a realidade para cuidar unicamente de seus interesses.

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Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB

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