Editorial: Exploração sexual, além de imoral, é crime

Por Luis Miguel Modino*

A escravidão é uma realidade ligada à história da humanidade. Muitas pessoas se perguntam como é possível que no século XXI esse fato continue fazendo parte da realidade social. Isso demanda a necessidade de desenvolver e aprimorar medidas de enfrentamento que promovam a proteção e cuidado dos marginalizados.

23 de setembro é o Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, mais uma oportunidade para tomar consciência dessa realidade muitas vezes invisível, difícil de identificar, porém muito comum. Podemos dizer que durante a pandemia da Covid-19, a exploração sexual e o tráfico de mulheres e crianças têm se tornado uma realidade ainda mais presente e invisibilizada.

Este Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças foi instituído em 1999, visando estabelecer mecanismos de proteção, sobretudo aos mais vulneráveis. É momento para cobrar do poder público melhoras no combate deste crime que dilacera a vida de coletivos mais numerosos do que a gente pode imaginar.

São mulheres e crianças vulneráveis, geralmente pobres, com escassos recursos, o que aumenta o risco de cair nas redes do tráfico de pessoas. Quando a fome e a necessidade apertam, o risco de se tornar vítimas destas redes aumenta exponencialmente, provocando grande sofrimento nas pessoas, nas famílias e na sociedade como um todo.

A lei é algo que está deixando de ser cumprida no Brasil nos últimos anos, sobretudo aquelas leis que defendem os direitos dos mais vulneráveis. Como está acontecendo em muitas outras realidades, a proteção das vítimas da Exploração Sexual e do Tráfico de Mulheres e Crianças, está sendo algo esquecido por um poder público que pouco se importa com as vítimas.

Levar o que está escrito nas leis para a prática cotidiana é um desafio cada vez mais urgente, inadiável. O povo brasileiro deve tomar consciência da necessidade de concretizar a proteção das vítimas, de se posicionar em favor dos mais fracos e vulneráveis.

Mas será que realmente a sociedade brasileira está preocupada em enfrentar esse crime? A sociedade brasileira se preocupa com a defesa das mulheres e crianças vítimas do tráfico de pessoas e da exploração sexual? Só quando o povo descobrir a importância deste combate, poderá ser enfrentada uma realidade que deveria ser desterrada definitivamente da nossa sociedade.

É tempo de denunciar, de cobrar políticas públicas, de deixar claro que o nosso lado é o lado das vítimas, de não nos calar. Só assim poderão ser dados os passos necessários que nos levem a construir uma sociedade onde as vítimas não sejam mais invisibilizadas, onde as vítimas não sejam inclusive criminalizadas, e sim uma sociedade onde as vítimas sejam acolhidas e inseridas.

Ouça: 

*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB