Editorial por Luis Miguel Modino*
Na última terça-feira 20 junho, a Secretaria do Sínodo publicou o Instrumentum Laboris do Sínodo 2021-2024, que tem como temática a sinodalidade. Um lançamento que dá início à segunda fase do Sínodo, que realizará em outubro de 2023 e outubro de 2024 sua Assembleia sinodal, uma só assembleia em duas etapas.
A Igreja é comunidade, comunhão, algo que aparece no nome, uma comunhão que se expressa no desejo de caminhar juntos, de ser uma Igreja sinodal. Isso faz parte da missão da Igreja, chamada a encontrar o modo de concretizar no mundo atual a mensagem do Evangelho, que tem que responder aos desafios que a realidade apresenta, um empenho muito presente no pensamento do Papa Franciso. Ele sempre olha para fora e para frente, empenhado em ajudar a encontrar caminhos para discernir a melhor escolha.
E para isso temos que aprender a escutar, a escutar a todos e todas, também aqueles que nunca tiveram voz, aqueles que secularmente tiveram sua voz apagada. Só escutando podemos conhecer, e só conhecendo temos elementos para poder encontrar o caminho melhor para todos, também para os descartados, também para as vítimas.
Numa sociedade polarizada, um fenômeno também presente dentro da Igreja católica, onde tem católicos e católicas que se acham melhores do que os outros, inclusive mais católicos do que o Papa, do que o bispo, somos chamados a entender que caminhar juntos precisa superar as tensões e entender que a diversidade nos enriquece, e nunca pode causar destruição.
Se eu sou católico, quando olho para minha vida, quando olho para a caminhada da minha comunidade, da minha paróquia, da minha diocese, percebo sinais de uma Igreja sinodal? Estou disposto viver minha fé com aqueles que tem uma visão diferente, com aqueles que são de outra comunidade, de outra pastoral, de outro movimento? Me aproximo deles para aprender ou para criticar e destruir o que eles têm de diferente?
Quando eu quero impor meu pensamento como a única verdade estou longe de uma Igreja sinodal. Quando enfrento as diferenças de forma vingativa, estou longe de uma Igreja sinodal. Quando ao escutar não vou sendo gradualmente transformado pelo Espírito, estou longe de uma Igreja sinodal.
O Batismo nos aproxima, nos faz corresponsáveis, nos ajuda a sentir a necessidade de pedir perdão, também como Igreja, nos ajuda a escutar e dialogar, e a gerir as tensões sem se deixar destruir por elas. Se somos Igreja, se somos comunidade, somos família, fraternidade, isso nos aproxima e nos faz sentir a necessidade do outro ao nosso lado.
Tudo isso desde a comunhão, missão e participação, temas prioritários para a Igreja sinodal. Encontrar uma unidade que abraça a diversidade sem a anular é o ponto chave, e esse deve o empenho de todos e todas se queremos ser Igreja sinodal, se queremos assumir que caminhar juntos é condição necessária para ser Igreja.
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*Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB