Doar a vida vale a pena, porque amar sempre nos faz melhores

Doar a vida é um indicativo de amor…Nossa sociedade, nosso entorno está cheio de cruzes e de crucificados, que infelizmente se tornaram invisíveis para a maioria, que os ignora, que faz de conta que não tem nada a ver com eles, que se lava as mãos de novo”.

Editorial por Luis Miguel Modino*

Doar a vida

Doar a vida é um indicativo de amor, uma atitude cada dia mais necessária numa sociedade, inclusive numa Igreja, onde parece que o ódio pelos outros está cada dia mais presente no coração das pessoas. Não podemos duvidar disso, doar a vida vale a pena, porque amar sempre nos faz melhores.

Diante disso, cada um, cada uma de nós tem que se questionar sobre a influência de Jesus em nossa vida, como aquele que serve, aquele que lava os pés, aquele entrega sua vida na Cruz determina nosso jeito de nos relacionarmos com os outros.

Só é cristão aquele que ama, e amar significa dar a vida. Para quem se diz cristão esse amor o leva a  dar a vida por todos, também por aqueles a quem desde um sentimento humano não daria sua vida. Esse é o diferencial de Jesus, que se entrega até por aqueles que o crucificam, e esse deveria ser o diferencial de quem quer caminhar com o crucificado-ressuscitado.

Mas a gente faz parte daqueles que não entendem e não aceitam esse dar a vida por amor. Nós somos aquele que não aceita que o Mestre lave seus pés, pois isso lhe compromete diante dos outros a fazer a mesma coisa. Nós somos aquele que nega, que se desentende de quem tem fundamentado sua vida e diz não conhecer quem era sua referência de vida. Nós somos aqueles que ocultos na multidão, hoje poderíamos dizer ocultos nas redes sociais, riem e fazem chacota dos crucificados.

Os crucificados de hoje deveriam nos levar a ter sentimentos de compaixão, sem condenar a quem muitas vezes foi condenado injustamente. Nossa sociedade, nosso entorno está cheio de cruzes e de crucificados, que infelizmente se tornaram invisíveis para a maioria, que os ignora, que faz de conta que não tem nada a ver com eles, que se lava as mãos de novo.

Como fazer memória hoje do Mistério que dá sentido à vida de Cristo e que deveria dar sentido a quem se diz discípulo e discípula dele? Como entender que aquilo que aconteceu quase dois mil atrás continua a acontecer hoje em tantos lugares, inclusive perto de nós? Como assumir que Jesus é mais do que um personagem histórico e que ele é uma figura que perpassa a história e a ilumina desde uma proposta diferente de entender a vida?

Deus sempre nos dá oportunidades de parar e pensar, pensar na nossa vida, mas também refletir sobre aquilo que a gente tem em volta, sobre essas situações, sobre essas pessoas que tantas vezes passam despercebidas para a sociedade que ignora aqueles que estão jogados na beira do caminho. Mas também nos dá a oportunidade de nos questionarmos onde está o sentido de nossa vida, o que é que nos faz continuar caminhando e tendo esperança.

Abre os olhos, enxerga os sinais de vida que estão ao seu lado, seja testemunha da vida, mas também lute pela vida em plenitude para todos e todas, também para aqueles e aquelas que hoje continuam sendo crucificados. É tempo de lutar pela vida e isso também depende da gente.

Ouça: 

Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB*