Por Thiago Nobre Rosas
Defensor Público do Estado do Amazonas
Olá,
Meu nome é Defensoria Pública. Eu fui concebida e gerada no ventre materno da Constituição de 1988 para ajudar as pessoas pobres. Muitos não me conhecem, não sabem quem eu sou.
Poderia falar muitas coisas sobre mim, mas nesta data especial – meu aniversário – 19 de maio, data escolhida em homenagem ao Santo Ivo – uma pessoa que ofertou sua vida à defesa dos pobres, órfãos, mulheres viúvas, e todos aqueles considerados indefesos –, vou simplesmente dizer a minha maior crença de identidade, traduzida na resposta a uma simples pergunta existencial: quem eu sou?
Muitos me enxergam como mais um órgão público, ou como um conjunto de servidores pagos pelo Estado para prestar assistência jurídica gratuita, ou como quem possui o papel de defender aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade, seja ela financeira, técnica ou organizacional, ou como advogada dos pobres. Entretanto, eu sou muito mais do que isso! Eu sou aquela que trabalha dia e noite para transformar e ressignificar a realidade social, aquela que se coloca no lugar do outro no momento de dor e sofre junto.
Todos os pontos de vista, conceitos e julgamentos que possam fazer da minha pessoa não conseguem retratar fielmente minha essência, aquilo que realmente sou: Povão. Eu sou Povão.
As impressões que têm de mim são tentativas de entender algo que veio do amor, e o amor não se entende, vive-se, sente-se, oferta-se gratuitamente e sofre junto, unido. A força da essência de ser Povão é a razão que todos os dias, ao acordar, me leva a lutar. Porque o Povão do Amazonas luta, ah se luta… . Eu sou a raça que briga contra as injustiças. Eu sou a fé que acredita em um Deus maior que todos os problemas que venham contra mim.
Eu sou a esperança de que ainda existem pessoas de bem. Eu sou as lágrimas de dor geradas pelas escolhas das elites – donas do poder econômico e político. Eu sou a alegria do sorriso e do olhar profundo de gratidão.
Traduzir em palavras quem eu sou é tarefa árdua, por isso peço ajuda dos compositores Jaércio Anselmo, Bruno Bulcão, Ricardo Gadelha e Neilor Anselmo, integrantes da maior festa cultural do Amazonas, Festival de Parintins, e autores da música Meu nome é Povão, com adaptações.
“Meu nome é Povão
O meu povo é assim,
veste a camisa encarnada,
e vai na batucada tocando feliz
Do pouco, divide o que tem,
mas para o povo de fé,
não falta fartura ninguém
Muito prazer, meu nome é Povão,
sou caboclo, sou negro, sou índio mestiço de bom coração,
muito prazer, meu nome é povão,
sou cultura, sou festa, poeta,
sou povo da tradição
Eu vou meus versos cantar,
os meus poemas clamar,
minha herança é o Assistido campeão,
minha batucada me faz balançar,
no dois pra lá, dois pra cá,
minha vaqueirada me faz ser criança brincando de boi-bumbá,
Eu sou o povo do curuatá
Sou folclore, sou cultura, sou toada, sou fé e devoção
é nós, o povo perreché, do Assistido campeão”
Então minhas amigas e amigos, este é o meu “eu sou”! Ao lado de Santo Ivo, sem querer ser maior ou melhor que ninguém, sou o Povão e por isso minha vocação é estar junto e misturado a cada pessoa que vive nesse “mundão” do Estado do Amazonas. Obrigado por me escutar e conhecer.
Conte comigo!
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Foto: Evandro Seixas/DPE-AM