A Comissão Pastoral da Terra Regional Amazonas – CPT está preocupada com a situação de conflito envolvendo comunidades indígenas e camponesas no rio Abacaxis, do Município de Nova Olinda do Norte.
O conflito no rio Abacaxis já deixou ao menos seis pessoas mortas, entre elas um jovem indígena Mundurucu e dois policiais militares. Segundo a CPT, é uma situação complexa que envolve camponeses e indígenas, de um lado, pescadores ilegais e policiais, do outro, e ainda um terceiro grupo formado por traficantes de drogas.
Desde a deflagração do conflito, no final de julho deste ano, chegaram até a Comissão diversas denúncias de violência envolvendo a ação de policiais. Após a PM bloquear o acesso ao local, o indígena Munduruku Josimar Moraes Lopes, da aldeia Laguinho, foi encontrado morto no igarapé e seu irmão está desaparecido. Disparos foram ouvidos e do local saiu uma lancha ocupada por policiais.
Também chegou até a CPT a informação que policiais torturaram o presidente da Associação Nova Esperança do Rio Abacaxis, Natanael Campos da Silva, sendo detido e liberado horas depois, com várias marcas de agressão pelo corpo e pelo rosto.
Segundo a Comissão, grupos pertencentes às forças policiais do Amazonas, cujo papel seria de garantir a segurança das comunidades ameaçadas pela violência, vêm cometendo todo tipo de violência e abusos contra as comunidades.
O conflito em Nova Olinda do Norte tomou ares mais dramáticos quando um grupo de policiais armados adentrou o rio Abacaxis em lancha particular pertencente a um secretário do governo estadual, para tomar partido em uma disputa por área de pesca.
As lideranças indígenas da região haviam denunciado a invasão de lagos por pescadores ilegais, mas essas denúncias não foram apuradas. Esta não é a primeira vez que a CPT tem se deparado com situações semelhantes no Amazonas.
Nesse sentido, a Comissão pede que os órgãos públicos estaduais e federais e que a sociedade civil, de modo geral, tomem este caso de Nova Olinda no Norte como prioridade, para que os crimes e abusos cometidos sejam punidos, e os agentes públicos envolvidos sejam afastados.
Da redação da Rádio Rio Mar
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