Nessa manhã de sexta-feira (03), véspera de feriado prolongado, e a feira do peixe da Manaus Moderna estava quase vazia, com o movimento apenas dos próprios feirantes. O Francisco Edmar vende peixe há 25 anos, mas está preocupado com a queda no movimento. Ele vendia cerca de 30 peixes por dia, mas nos últimos dias não tem passado de dois.
“O movimento na feira caiu 90%, os peixeiros foram os mais prejudicados. O [surto] foi lá em Itacoatiara e atingiu o Amazonas todo”
Com a o preço da carne bovina disparado, a dona Valdenice comprou jaraqui, mesmo desconfiada. “É o alimento mais barato que tem, a opção é essa. Com esse período, o preço da carne aumenta. Estou me arriscando, mas com fé em Deus não vai acontecer nada”, disse.
Surto de rabdomiólise
Os trabalhadores associam a queda nas vendas ao surto de rabdomiólise, possivelmente associado ao consumo de peixe em Itacoatiara, onde há a recomendação pela suspensão do consumo de três espécies: Tambaqui, Pirapitinga e Pacú por 15 dias.
Nessa semana, quando passou de 50 o número de casos suspeitos, a população se assustou e desapareceu das feiras de Manaus. Enquanto isso, os peixes vão para o lixo, pois há dificuldade até para doar.
O infectologista Dr Antônio Magela está em Itacoatiara. Ele destaca que não está proibido o consumo de peixe e os que são de cativeiro podem ser consumidos em segurança, inclusive em Itacoatiara.
“Houve uma má interpretação. O amazonense não está proibido de comer peixe. O que a Secretaria fez, através da FVS, foi uma recomendação de que as pessoas evitem o consumo de três espécies de peixe numa certa região durante um período de tempo. É uma restrição seletiva e nossos rios oferecem uma infinidade de alternativas para esses peixes”, explica
Segundo o médico, o último paciente deu entrada no hospital da cidade com os sintomas da doença no dia 31. Dos casos notificados, nenhum é considerado grave.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar