A publicação reúne os dados sobre as violências praticadas contra os povos indígenas em 2024, ano com poucos avanços na demarcação de terras. O lançamento organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) aconteceu nesta semana, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.
De acordo com o levantamento, 2024 foi um ano marcado pela violência contra comunidades indígenas em luta pela terra. 211 indígenas foram assassinados em todo país.
Para o presidente do CIMI, cardeal Leonardo Steiner, arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Manaus, o conselho é uma expressão de uma Igreja que busca estar ao lado dos mais pobres e por meio do relatório apresentado visibiliza o lento extermínio dos povos indígenas.
O relatório relata Violências contra o Patrimônio, Violências contra a Pessoa e Violências por Omissão do Poder Público. Dentre os dados preocupantes estão os ligados a conflitos relativos a direitos territoriais, com 154 registros em 114 Terras Indígenas em 19 estados; invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio, com 230 casos, que atingiram 159 Terras Indígenas em 21 estados do Brasil.
O Cacique, Felipe Mura, da Terra Indígena Lago do Soares e Urucurituba (AM) esteve presente no lançamento e destacou os impactos causados com a chegada da empresa do Potássio do Brasil nas terras indígenas, com projeto de exploração de minério.
No levantamento é possível ver o mapeamento de todos os conflitos envolvendo os povos indígenas e seus direitos.
Em 2024, o Brasil registrou 208 suicídios de indígenas, segundo os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), de secretarias estaduais de saúde e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), divulgados pelo relatório.
O Amazonas possui a maior incidência de casos de suicídio, foram registrados 75, em seguida aparece o Mato Grosso do Sul com 42 e Roraima com 26. Estes mesmos estados, que há anos lideram os números de suicídios indígenas, também são palco de elevados índices de violência e de vulnerabilidade social, expostos no relatório do CIMI divulgado esta semana.
O relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) será enviado às autoridades dos três poderes do país.
Confira o Relatório de Violência contra Povos Indígenas 2024, aqui.
Tania Freitas – Rádio Rio Mar
Foto:Lohana Chaves/Funai