Desde o início do ano, a Segurança Pública do Amazonas já registra três escândalos envolvendo policiais em crimes. Na semana passada, houve a prisão do Secretário Adjunto de Inteligência Samir Freire e dos investigadores da Polícia Civil Adriano Frizo, André Silva Costa e Jardey Bello por desvio de ouro apreendido em operações policiais no Estado.
Em abril deste ano, outros seis policiais foram presos em uma operação por suspeita de tráfico de drogas, roubos e sequestros.
No mês passado, o Ministério Público começou a investigar o envolvimento de policiais nas mortes de pelo menos sete pessoas em Tabatinga, possivelmente em retaliação à morte de um militar.
O advogado e cientista político Carlos Santiago lembra que não são as únicas vezes em que agentes públicos de segurança são alvos de operações da Polícia Federal e Ministério Público.
“O que demonstra que há uma cultura de corrupção e de impunidade dentro das instituições do Estado, que deveriam combater as ilegalidades e crimes de corrupção. Além disso a operação e revelação de crimes dentro do setor de inteligência da Polícia do Amazonas acontece no momento em que o Governador responde também por crime de corrupção junto ao STJ. Isso tudo causa ainda mais desgaste ao Governo do Estado”, declarou.
Preocupação com milícias
O Promotor de Justiça do Ministério Público do Amazonas Armando Gurgel afirma que ainda não é possível estabelecer ligação entre os crimes investigados pelo órgão, mas demonstra preocupação com o surgimento de milícias dentro das corporações, como ocorre no Estado do Rio de Janeiro.
“O que a gente não pode deixar acontecer é ficar a imagem de que é rentável agentes públicos formarem suas milícias particulares e a gente degringolar num esquema criminoso do qual hoje a população carioca, por exemplo, se recente muito e luta. É um povo que luta muito com relação à isso e sofre duras consequências do que a história, infelizmente, pregou ao Estado do Rio de Janeiro, que possui polícia habilidosa e Ministério Público que vem lutando, mas é difícil. A gente não pode deixar isso acontecer”, afirmou.
O Procurador Geral de Justiça Alberto Rodrigues do Nascimento Junior informou que vai reforçar a recomendação ao Governo do Amazonas para que o sistema Guardião, equipamento utilizado para cadastro e acompanhamento das ordens judiciais de quebra de sigilo telefônico e telemático seja utilizado somente pela Polícia Civil e não seja utilizado indevidamente por servidores.
“Até porque é a Polícia Civil que faz as vezes da Polícia Judiciária. Então essa recomendação eu vou verificar se já foi emitida pelos colegas que atuam no Proceap e, sem seguida, tratar disso em âmbito de Governo do Estado para que essa situação seja, o quanto antes, definida e corrigida pelo nosso Governador do Estado ou pela Secretaria de Segurança para que o Guardião fique onde ele deve permanecer”, afirmou.
Carlos Santiago cobra ação do Governo do Estado. “Cabe ao governador tomar medidas duras e punições severas para que isso não ocorra mais. A polícia não pode agir como bandidos”, afirma.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar