Vinte e três presos continuam nas ruas, após fuga em massa no município de Iranduba. No último domingo (27), 14 detentos saíram durante a madrugada por um buraco cavado dentro da cela. Menos de 48h depois, outros 10 presos serraram as grades e também fugiram. Em nota, o delegado Lázaro Ramos, titular da 31ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Iranduba, informou que as buscas pelos 23 detentos foragidos da carceragem da DIP estão em andamento.
Como não possui unidade prisional, a cidade utiliza a própria delegacia como carceragem depois que o preso passa pela audiência de custódia. O cenário se repete em quase todo o interior do Amazonas e, segundo a presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-AM, Gina Sarkis, os detentos se aproveitam dessa fragilidade.
“Eles sabem que as estruturas das delegacias do interior são precárias, sem contar que a gente não tem a presença de delegado de polícia em todas as delegacias do interior também. O mínimo que se espera que realmente se faça é que haja uma apuração pra ver se não houve algum tipo de ‘ajuda’. Que a estrutura física das delegacias do interior fragiliza a segurança dos presos isso é real. Não adianta prender e ficar exposto à fuga”, afirmou a advogada.
Os Secretários de Administração Penitenciária e de Segurança Pública informaram que após as duas fugas, os detentos remanescentes foram transferidos para Manaus, mas não há informação sobre a quantidade.
O titular da Seap, Secretário Vinícius Almeida, informou que, entre uma fuga e outra, eram resolvidos trâmites burocráticos para a transferência.
“Houve a primeira fuga, eles fizeram a solicitação, nós temos um tempo de maneabilidade, tenho uma distância ao município, temos que organizar escoltas e logo no dia posterior e retiramos quem estava lá”
O Secretário de Segurança, Louismar Bonates, disse que apura possível facilitação por parte de servidores.
“Policiamento lá está tranquilo, precisamos saber porque houve a fuga. O efetivo lá talvez seja o maior que nós temos. Não houve nenhuma mudança e nem vai haver”
Para a presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB, o efetivo de policiais nas delegacias é insuficiente.
“Provavelmente o efetivo lá não é suficiente, se fosse suficiente teria impedido a fuga. A grande maioria das delegacias do interior possui, no máximo, dois PMs, dependendo do tamanho do interior. É impossível essa quantidade de efetivo inviabilizar eventual rebelião ou fuga”, afirmou Gina Sakis.
O Governo Federal iria construir um presídio de segurança máxima, em Iranduba, mas houve resistência por parte da população por causa do local onde seria construído. A unidade ficaria no km 22 da estrada que dá acesso à obra da Cidade Universitária, da Universidade do Estado do Amazonas. Segundo o Secretário de Administração Penitenciária, a União desistiu do projeto.
“Mesmo que estivesse sido instalado, ele seria um presídio federal para atender presos do regime diferenciado, que são presos que viriam outros Estados. O município não seria atendido por esse presídio”
O titular da pasta informou que há um cronograma para implantação de três presídios polo no interior do Amazonas. Em Maués e Tefé, as obras devem terminar em março e em Manacapuru no fim do ano que vem. São 128 vagas por unidade prisional com custo de R$ 30 milhões para construir e mais R$ 30 milhões para manter durante um ano.
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Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar
Foto: Divulgação / PC