Por Luis Miguel Modino*
Nesta sexta-feira, 13 de maio de 2022, é comemorado o 15º aniversário do início da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, que aconteceu no entorno do Santuário Nacional de Aparecida de 13 a 31 de maio de 2007.
Poderíamos dizer que as Conferências Gerais do Episcopado Latino-americano, especialmente depois de Medellín, realizada em 1968, têm marcado a vida da Igreja católica no continente, mas elas têm sido também uma referência para a Igreja universal.
Isso é algo evidente em Aparecida, onde estavam presentes dois Papas, o Papa Bento XVI, e o então cardeal Jorge Mário Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, e hoje Papa Francisco. Ele levou as reflexões de Aparecida para o centro do cristianismo, para o Vaticano. Conversão pastoral, Igreja em saída, discípulos missionários, elementos que hoje fazem parte do dia a dia da Igreja, cobraram força após a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.
O Cardeal Bergoglio foi o relator geral do Documento de Aparecida, uma conferência que marcou sua vida em grande medida. O vivido em Aparecida está presente no Magistério do Papa Francisco, especialmente em Evangelii Gaudium, considerado o texto programático de seu pontificado, onde coloca as linhas fundamentais que ele queria para seu ministério como Papa e para o caminhar da Igreja no século XXI, uma Igreja sinodal.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto com o Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), quis ressaltar esta data com uma série de celebrações no Santuário Nacional de Aparecida, que ajudem a fazer memória desse tempo de graça na vida da Igreja do continente, que estão acontecendo nos dias 12 e 13 de maio.
Podemos dizer que Aparecida representa o início de um novo jeito de ser Igreja, que deu seus primeiros passos na América Latina e o Caribe, mas que com o decorrer do tempo, foi superando as fronteiras do continente e se espalhando até os confins da Terra.
Aparecida anima a Igreja a sair de se próprio, a ir ao encontro do povo, a se comprometer com a vida das pessoas, a pensar além do que acontece dentro do templo, a ser uma Igreja missionária, em saída, que escuta e se interessa por aquilo que acontece na vida cotidiana do povo, especialmente do povo que sofre as consequências de uma sociedade injusta, das vítimas, dos descartados.
Inclusive para aqueles que dizem não professar a fé cristã católica, inclusive para quem diz não ter fé, Aparecida nos ensina a construir o mundo partindo de atitudes diferentes, que nos levam a pensar no outro, a pensar naqueles em quem nunca ninguém pensou. No final das contas, Aparecida aposta em um mundo melhor para todos e todas, e essa deveria ser uma aspiração presente na vida de todo ser humano.
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*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB