ANP defende exploração na foz do Amazonas; Observatório fala em propaganda enganosa

O Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, se transformou em uma Comissão Geral, na última terça-feira, para debater a Exploração de Atividade de Perfuração Marítima no Bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas e, nela, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) defendeu o prosseguimento do projeto, assim como o Ministério de Minas e Energia, com argumento de que a reserva do Pré-Sal começará a decair a partir de 2030. Entidades sociais representativas de classe contestam a concentração de esforços em explorar a região no momento em que o Brasil assume metas climáticas de redução de emissão de poluentes.

pre-sal Foto Petrobras Geraldo Falcão foz do amazonas

De acordo com a diretora da ANP, Simone Araújo, caso o Brasil não encontre alternativas para repor reservas de petróleo, pode ter que voltar a importar o produto.

O ministro de minas e energia, Rafael Bastos, afirma que a exploração no Pré-Sal já está saturada no Brasil.

Gerente De Oceanos e Clima da instituição Arayara, Vinícius Nora afirma que ao buscar abrir novos poços de petróleo, o Brasil contraria os compromissos assumidos para redução de emissão de poluentes e ignora as recomendações da Agência Internacional de Energia.

Diretor executivo do Observatório do Marajó, Luti Guedes diz que além dos potenciais danos ambientais, a exploração não desenvolve as regiões onde é feita.

“É propaganda enganosa. Não levou o desenvolvimento para Coari, no Amazonas, não levou desenvolvimento para Macaé, no Rio de Janeiro. Não vai levar para o Oiapoque e não vai levar paro o Marajó. O que leva é aumento do desmatamento, é grilagem de Terra, é aumento das ameaças contra lideranças tradicionais, é a ocupação desordenada do território, ameaças e todo tipo de violência. Organizados que usam dessas grandes obras para entrarem na Amazônia e se instalarem nos territórios, impor lógicas de dominação e violência contra comunidades tradicionais e mais vulnerabilizadas”. Guti Guedes, diretor executivo do Observatório do Marajó.

Na cidade de Coari, no Amazonas, citada por Luti Guedes, a exploração de gás natural começou em 1996. Ainda assim, segundo o IBGE, a cidade tem um dos piores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil e está na 4.495º posição entre 5.565 municípios no País.

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Petrobras / Geraldo Falcão