Alto índice de erros de servidores públicos em registros no Sisreg prejudica saúde no Amazonas

A imperícia de servidores públicos na inclusão de solicitação de exames, consultas e procedimentos médicos no Sistema Nacional de Regulação (Sisreg) tem contribuição significativa para que a espera de pacientes que dependem do Sistema único de Saúde (SUS) no Amazonas seja quase infinita.

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Isso porque o cidadão precisa da ‘sorte’ de ter a solicitação incluída no Sisreg por funcionário capaz de seguir os procedimentos corretos. Caso contrário, a solicitação que o paciente espera por resposta pode entrar em um ‘looping’ infinito de regresso contínuo para o fim da fila do Sisreg.

A usuária do SUS Gilene Aguiar relata que descobriu por acaso a imperícia de um médico em preencher informações necessárias para a solicitação de um procedimento ortopédico para o filho dela.

Gilene Aguiar disse que foi informada, em uma UBSs, que o tempo de espera para atendimento de uma solicitação no Sisreg é de, no mínimo, quatro meses. Isso se as informações inseridas estiverem completas. Caso contrário, o paciente dificilmente será atendido e nem vai saber o porquê.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), há um alto índice de agendamentos de exames e consultas registrados de forma incorreta no sistema, pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital.

Segundo a SES-AM, as UBSs registram 1,2 milhão de solicitações de procedimentos no Sisreg, por mês. Contudo, 144 mil retornam, porque estão sem preenchimento correto no formulário ou em desacordo com os protocolos de acessos, o que prejudica o paciente e faz com que a demanda emperre.

Demandas

Conforme o coordenador do Complexo Regulador do Amazonas, Roberto Maia, os procedimentos solicitados pelas UBSs estão relacionados, em geral, aos serviços especializados ambulatoriais e Tratamento Fora de Domicílio (TFD).

Roberto Maia afirma que quando a SES-AM identifica solicitações incorretas, solicita que a unidade de saúde do município ajuste as informações, para poder dar andamento na demanda do paciente. No entanto, apenas 40% retornam para o Complexo com os dados corretos e isso acarreta uma série de problemas e atrasos ao usuário.

De acordo com a SES, as UBSs são a porta de entrada para o SUS e correspondem a 90% da demanda inserida mensalmente no sistema Sisreg.

Contudo, apesar de o governo do Amazonas tentar atribuir a maior parte da responsabilidade da demora no Sisreg à prefeitura de Manaus, as próprias unidades do Estado também têm deficiências nas marcações de procedimentos.

A Rádio Rio Mar teve acesso a um registro de solicitação de consulta ortopédica do dia 2 de janeiro, no Sisreg, no SPA Joventina Dias, que pertence ao Estado, e que até hoje não tem resposta.

A Rádio Rio Mar também questionou a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) sobre a deficiência no preenchimento de informações no Sisreg. Porém, não houve resposta.

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Bruno Elander – Rádio Rio Mar