A Cáritas Arquidiocesana de Manaus celebrava nesta quinta-feira, 10, sua assembleia anual, momento em que o novo arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, assumia a presidência no lugar de Dom Sérgio Castriani, arcebispo emérito, quem numa mensagem agradecia pelo tempo em que tem presidido a instituição.
Em palavras do novo presidente, “a Caritas é nossa presença evangélica no meio do povo, no meio da sociedade de Manaus, é a Igreja presente no meio dos pobres”. Segundo o arcebispo “a Caritas da nossa arquidiocese tem ido ao encontro dos mais necessitados, é a presença de Jesus, a presença de Jesus que veio para servir e não ser servido, que veio e se fez pobre no meio de nós”. Essa presença tem sido muito relevante durante a pandemia da COVID-19, que tem ajudado a Igreja de Manaus a despertarmos para a necessidade de estar ao lado daqueles que não tem ninguém do lado.
Dom Leonardo afirmava que “nós como Igreja estamos presentes no meio dos pobres, acolhendo os pobres, ajudando os pobres, que nós possamos continuar com essa vocação”. O arcebispo fazia um chamado a “que cada vez possamos ser testemunhas de caridade, caridade que é amor em movimento, amor em saída”.
A assembleia, onde também tem participado representantes das pastorais sociais da Arquidiocese, que realizam um trabalho em parceria com a Caritas, tem sido momento para apresentar o trabalho desenvolvido, tendo como base a ideia de “Bem Viver, esperança, resistência e profetismo”. A missão institucional da Arquidiocese de Manaus é “testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social”. Partindo dessa ideia, o diácono Afonso Brito, secretário executivo da Caritas Arquidiocesana de Manaus, mostrava aos presentes os diferentes projetos desenvolvidos pela Caritas arquidiocesana.
O Projeto Uka (Casa Comum) realiza um trabalho com 31 comunidades urbanas, rurais, ribeirinhas e povos indígenas, visando a reivindicação dos seus direitos, o trabalho em rede, a luta por políticas pública diferenciadas, o acompanhamento aos jovens e mulheres, promovendo grupos sustentáveis e solidários, além de projetos de produção a través da agricultura ecológica. São muitos os resultados alcançados a través do projeto Uka, que tem melhorado a vida das comunidades e tem avançado no reconhecimentos dos direitos.
Um outro projeto desenvolvido pela Caritas Manaus é o Iça, ação e proteção, que tem como objetivo contribuir para o enfrentamento do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na Amazônia brasileira, desenvolvido em escolas, Igrejas, ocupações, conselhos de direitos, comitês e fóruns. O projeto Iça tem ajudado na sensibilização social sobre esse crime, no aumento das denuncias e o atendimento e acompanhamento das vítimas, mesmo sabendo existe o desafio da ausência do estado e a reprodução da ideia de que a violência sexual é um aspecto que está na cultura local, assim como a precarização da educação, o fato de ser um problema intra-familiar, as redes de proteção fragilizadas ou a impunidade.
A Caritas também desenvolve uma grande labor no atendimento dos solicitantes de refúgio e refugiados em Manaus, sobretudo venezuelanos e, dentre eles, os indígenas warão. Com eles a Caritas Arquidiocesana de Manaus realiza a acolhida e integração na sociedade local, apoia na regularização da documentação, incentiva a geração de renda, ensino da língua portuguesa e cursos profissionalizantes, dentre outras atividades.
Especialmente importante tem sido o trabalho da Caritas Arquidiocesana de Manaus neste tempo de pandemia, onde tem se mostrado como uma Igreja samaritana. O Puxirum Manauara tem reunido múltiplos parceiros no combate à COVID-19, mostrando uma solidariedade marcante, inclusive de pessoas não ligadas à Igreja, mas que sentiram a necessidade de ser solidários. O Puxirum Manauara tem sido uma forma de fazer realidade aquilo que a Campanha da Fraternidade deste ano 2020 nos dizia: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. Esse é o jeito da Caritas, “que chega onde muitas vezes o estado não chega”, como lembrava a Irmã Rose Bertoldo, que faz parte do Conselho Fiscal da instituição.
Por Luis Miguel Modino
Fotos: Luis Miguel Modino