Editorial por Luis Miguel Modino*
Mais de um milhão e meio de jovens se fizeram presentes a semana passada na Jornada Mundial da Juventude realizada em Lisboa. Deles um bom número de brasileiros, alguns deles da Amazônia. Depois do encerramento a gente tem que se questionar sobre como acolher esses jovens em nossas igrejas particulares, em nossas paróquias e comunidades.
O Papa Francisco falou várias vezes que na Igreja cabem todos, enfatizando esse todos. Diante disso a pergunta que cada e cada uma de nós devemos nos fazer é: em minha paróquia ou comunidade os jovens têm espaço? Eles são acolhidos, escutados, seu protagonismo é reconhecido e incentivado? Eles participam dos espaços de decisão?
Tão importante quanto ter jovens é que eles encontrem em nossa Igreja um espaço para poder crescer como pessoas e como cristãos. O número é importante, mas seu papel na Igreja é ainda mais importante. Os jovens ajudam as comunidades a olhar para o futuro, a ter utopias e perspectivas, a pensar no amanhã, eles impulsionam o caminhar da Igreja.
Um encontro igual a Jornada Mundial da Juventude é uma oportunidade de encontro, de escuta, de partilhar a vida e a fé com jovens de todos os cantos do mundo, um momento para crescer, para carregar as baterias. Mas essas baterias têm de ser aquilo que faz com que os jovens continuem caminhando e assumindo seu compromisso de vida, seu compromisso na Igreja, nas paróquias e comunidades.
Eles e sua mente têm que voltar da Jornada Mundial da Juventude, mas também a Igreja local tem que fazer com que eles possam voltar, se sentir à vontade e possam partilhar o que lá foi vivido e o que fez com que eles possam ter uma visão mais católica, mais universal de uma Igreja que está presente no mundo inteiro e que em cada lugar vivência sua fé a partir das diferentes culturas e realidades em que ela se faz presente, também entre os jovens.
Acolher é uma atitude que deveria estar mais presente em nossa Igreja. Quando acolhemos temos que ser conscientes de que o outro é diferente e que nem sempre vai responder a nossas expectativas, uma atitude que é fundamental quando falamos de juventudes. Muitas vezes temos medo de chegar perto, de nos fazermos próximos daqueles que pensam diferente, temos dificuldade em assumir que a diversidade nos enriquece.
Não deixemos passar essa oportunidade, acolhamos os jovens que de volta da Jornada Mundial da Juventude querem ser fermento na massa. Que sua volta seja oportunidade para nos ajudar a crescer como comunidade e descobrir que a força da juventude pode ajudar nossa Igreja a ser melhor presença do Evangelho na vida de nossa sociedade.
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*Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB