A Comissão Pastoral da Terra – Regional Amazonas (CPT/AM), juntamente com a Comissão Pastoral da Terra Arquidiocesana, promoveram na manhã desta terça feira, 25 de julho, o lançamento do Caderno Conflitos do Campo Brasil 2022 e da Campanha Contra a Violência no Campo. O evento aconteceu no Centro de Formação da Arquidiocese de Manaus, no Auditório Mãe Paula, localizado no centro da cidade.
O presidente do Regional Norte 1 e arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Steiner, o presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e bispo prelado de Itacoatiara, Dom José Ionilton Lisboa, a coordenadora Arquidiocesana e Regional da CPT/AM, Irmã Maria Agostinha de Sousa, o coordenador de pastoral da Arquidiocese de Manaus, Padre Geraldo Bendahan e o coordenador das Pastorais Sociais, Padre Alcimar de Araújo, participaram da atividade. O evento também contou com a presença de agentes pastorais, agricultores familiares, religiosos, representantes de entidades e imprensa.
Durante a mesa de abertura, o presidente da CPT, Dom José Ionilton, apresentou a ideia da Campanha Violência no Campo, uma iniciativa que une igreja e sociedade civil.
A campanha neste primeiro momento chegará perto das bases para se constituir grupos articuladores, e prepará-los diante os casos de violência, não tendo assim que esperar o lançamento do Caderno de Conflitos do Campo ser publicizado.
Os conflitos são entendidos como ações de resistência e enfrentamento pela posse, uso e propriedade da terra e pelo acesso aos recursos naturais pelo extrativismo, como os seringais, babaçuais ou castanhais, ou quando envolvem posseiros, assentados, quilombolas, indígenas, pequenos arrendatários, sem-terra, seringueiros.
Gilson Lisboa é vice-presidente da Comunidade Serra do Sol localizada na BR174, km 165 em Presidente Figueiredo. Segundo ele, a exposição dos conflitos territoriais ajuda os agricultores a não ter medo em denunciar.
Dentre os destaques que foram apresentados, estiveram os registros de violações de direitos humanos ocasionados por conflitos por terra, água e território. Segundo os dados do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc), da CPT, responsável pela elaboração do caderno há 40 anos, foram notificados 152 conflitos de terra no Amazonas em 2022, contra 69 em 2021, o que significa um aumento de mais de 120%. O estado ficou em segundo lugar na região Norte, atrás apenas do Pará, e é o quarto no país em número de conflitos. Ao todo, 29.653 famílias foram atingidas.
A região Norte ocupa o primeiro lugar em conflitos no país (4.855), o que representa quase 40% de todos os conflitos do país registrados no período (12.975). Nos casos de violência contra a ocupação e a posse, o Amazonas lidera os registros de ameaças de despejo em todo o país (13.361), roças e bens destruídos (1.564 e 1.588) e invasões (20.151), além do alto índice de ocorrências de pistolagem (6.551).
Nos conflitos por água, o Amazonas está em segundo lugar na região Norte e em terceiro no país, com 25 conflitos, contra sete no ano anterior.
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Rafaella Moura – Rádio Rio Mar
Texto: Rafaella Moura e Érico Pena
Fotos: Érico Pena