Nesta quinta-feira (22), a Polícia Federal, em ação conjunta com a Receita Federal e o Ministério Público, deflagrou, em Manaus, a Operação “Dente de Marfim” para combater crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo escritório de advocacia e contratações públicas municipais.
A operação conta com 70 policiais federais, que cumprem 16 mandados de busca e apreensão em locais identificados durante as investigações. Também foi realizado o bloqueio no valor de 30 milhões de reais das contas bancárias e ativos financeiros, entre outros bens de 34 pessoas físicas e jurídicas.
A ação é o resultado de um relatório financeiro da Receita Federal, que apontou indícios de irregularidades ligadas a um escritório de advocacia e contratações públicas.
A investigação
Durante as investigações, foram definidas três linhas de investigação. A primeira está relacionada à contratação, ainda em 2016, de uma empresa de conservação, construção e pavimentação, durante a gestão de um ex-prefeito, sem a realização de licitação, fato que foi amplamente divulgado na imprensa local e objeto de denúncias aos órgãos de fiscalização.
Foi verificado que a empresa recebia a maior parte de suas receitas por meio desse contrato, ocasião em que foram identificados indícios de emissão de notas fiscais com informações falsas por prestadores de serviço, destacando o envolvimento de um escritório de advocacia.
A análise dos dados financeiros revela a suspeita de atividades do escritório, que recebia altas quantias após o recebimento de valores transferidos pela empresa de conservação, construção e pavimentação. Além disso, foi constatado que as notas emitidas para a empresa possivelmente eram destinadas a um indivíduo identificado como empresário e antigo líder de um partido político no Amazonas, que recebeu pagamentos significativos da empresa investigada e de seus sócios.
A segunda linha revela a persistência das atividades ilícitas após a mudança de gestão municipal. A investigação descobriu que a conexão entre os investigados e a administração municipal não se limitava apenas a negócios contratuais. Foram identificadas nomeações para cargos no âmbito municipal, bem como a troca de favores que envolviam desde o fornecimento de material até a contratação de pessoal, havendo indícios que sugerem pagamento de vantagens indevidas pela empresa ao gestor da secretaria municipal.
A terceira linha foca na queda da empresa, que não teve seu contrato renovado, bem como no possível envolvimento de um servidor de órgão fiscalizador, com suposta influência nas negociações com a administração pública local.
Dente de Marfim
O nome “Dente de Marfim” é uma alusão à empresa investigada, que tem o nome de um mamífero da mesma família dos elefantes e que foi extinto há mais de 10 mil anos.
Com informações da PF
Imagens: Divulgação/PF