O ressurgimento recente do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil faz acender o sinal de alerta quanto ao risco de uma epidemia da doença causada por esse tipo, segundo pesquisa da Fiocruz Amazônia e Instituto Oswaldo Cruz.
A estudo apresenta a caracterização genética dos vírus referentes a quatro casos da infecção registrados este ano, três em Roraima, na Região Norte, e um no Paraná, no Sul do país. Conforme a Fiocruz, a circulação de um sorotipo há tanto tempo ausente preocupa especialistas.
Nesse estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, alerta, em nota, o virologista Felipe Naveca, chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia.
De acordo com a Fiocruz, o vírus da dengue tem quatro sorotipos e a infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, porém é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente.
O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, já que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000. Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente por outro sorotipo.
Ainda segundo o virologista, as análises indicam que a linhagem identificada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, entre 2018 e 2020, provavelmente no Caribe.
A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”.
Dos quatro casos analisados, três são referentes a casos autóctones de Roraima, ou seja, correspondem a pacientes que se infectaram no estado e não tinham histórico de viagem. Já o caso no Paraná foi diagnosticado em uma pessoa vinda do Suriname.
Com informações da Agência Brasil
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